O Manual na Mão


Alexandre Martins, cm.


O Manual do Congregado é uma ferramenta muito útil para a devoção particular dos membros das Congregações Marianas e para o início da compreensão das características de um verdadeiro Congregado Mariano.
O primeiro Manual para uso dos Congregados foi feito na cidade de Colônia, Alemanha, no século XVII em uma Congregação Mariana de Sacerdotes. No Brasil, houveram várias versões a partir do século XX, mas cada Congregação Mariana tinha uma publicação particular. Com a publicação do Manual dos Congregados pela Federação de São Paulo, não tardou que a Confederação Nacional publicasse a versão oficial padronizada para todo o país:
O Congresso confere à CNCMB* o direito reservado da publicação do Manual oficial. Só a Federação de São Paulo, por ser muito numerosa e possuir há muito seu Manual, fica isenta desta disposição, com a obrigação de não a vender fora do estado.” - 1º Congresso Nacional de Diretores.1

Desde as primeiras versões brasileiras, o Manual dos Congregados consta de basicamente três partes: A Regra de Vida, o Modo de agir do Congregado e o Devocionário.

A Regra de Vida

“As Regras passavam da Capela para as casas, pois estabeleciam que nos aposentos dos Congregados deveria sempre haver água-benta ou alguma imagem piedosa, com a finalidade de 'refrescar a memória”. 2
Os primeiros manuais continham a Regra inteira, incluindo as citações das publicações dos decretos eclesiásticos que as legitimavam. No Manual de 1997 consta apenas um resumo da Regra de Vida, com suas partes principais. Seu estudo é útil para a compreensão do básico das Regras, sendo de grande valia para os Aspirantes a Congregado.

O Dia a dia do Congregado

“As Congregações Marianas existem para ensinar como harmonizar Fé e Virtudes Cristãs com as ocupações cotidianas.”3
Embora existissem edições do Manual do Congregado que davam detalhes do modo de vida de um autêntico Congregado, o que todas as publicações tem em comum é mostrar o que difere um membro das Congregações Marianas de outras associações de fiéis católicos. O que é mostrado serve desde já para orientar o “modus vivendi” de um devoto que deseja se consagrar à Virgem Maria nas suas Congregações.

O Devocionário

“De fato, não é singular irmos aprender nos livros o que devemos dizer a Deus? Se não for posível proceder de outro modo empreguemos este meio; antes nos servirmos de um livro, que orar mal ou deixar de fazê-lo.” diz o pe. Meschler, SJ4
A edição de 1981 do Manual tinha o título “Manual-Devocionário do Congregado Mariano”. E era isso mesmo: metade da edição era somente de orações e práticas de piedade.
O Devocionário é uma parte do Manual que contém várias orações que são úteis para o Congregado mariano em sua vida de piedade pessoal e também orações que são para uso coletivo, como a Hora Santa. Não se trata de orações especiais de uso privativo dos Congregados marianos, mas são orações que são especialmente úteis para eles. Neste devocionário, os Aspirantes e Candidatos podem entender como a oração é usada e apreciada nas Congregações Marianas e como isso o educa na Fé Católica.

Seu uso constante

O uso do Manual é necessário para o Congregado diariamente. Em especial para os que estão começando nas Congregações Marianas, como os Aspirantes e os Candidatos, que devem tê-lo sempre “à mão”, como significa a palavra “manual”, isto é, algo “sempre ao alcance das mãos”.
As Orações da Manhã, das Refeições, o Rosário diário, o Ofício da Imaculada, as Visitas ao Santíssimo Sacramento, as Orações da Noite e o Exame de Consciência: todos são bem aproveitados se feitos com a ajuda do Manual do Congregado.

Um engano comum

Há Congregações Marianas que somente permitem o uso do Manual do Congregado após a Consagração Perpétua. A justificativa é da parte do Rito de Admissão5 em que o Assistente dá o livro ao novo Congregado dizendo a admoestação. Mas nada há na Tradição ou nas Regras que indique ser o Manual apenas de uso dos Congregados e não dos demais membros da Congregação Mariana. Devemos entender essa parte do Rito como um simbolismo de atenção às Regras. No texto do Rito vemos a ressalva - “entregando, onde for costume” - indicando que nem sempre o Manual é entregue ao membro da associação quando somente ele se consagra.
Em nossa experiência, o uso do Manual desde o início da frequência à Congregação Mariana dá frutos bons e favorece o fervor e o entusiasmo pela associação.

Conclusão

Use, abuse, leia, marque, risque seu Manual de Congregado. Faça dele uma autêntica ferramenta pessoal de busca da santidade. Que este livrinho tenha a marca dos dedos de seu dono, que tenha os riscos de uso constante, mostrando que é muito usado e que, no fim, suas letras estejam gravadas na mente e no coração do Congregado que o possui.
Que a Virgem, que lia seu livro no momento da Anunciação, nos ajude a ter nosso Manual em nosso coração!


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*- Confederação Nacional das Congregações Marianas do Brasil.
1- resolução do 1º Congresso Nacional de Diretores das Federações das Congregações Marianas do Brasil, realizado de 20 de janeiro a 1 de fevereiro de 1941 no Rio de Janeiro, RJ,. (artigo 10º, § 2º)
2- F.M. Barriguete, in “Os Jesuítas e o Culto Mariano”
3- O'Neil & Dominguez, SJ, in “Dicionário Histórico da Cia. De Jesus”, Madri, 2001, pág 914.
4- “A Vida Espiritual reduzida a três Princípios”, pág. 46
5- “Celebrante (entregando, onde for costume, o Manual das CCMM ao Neo-Congregado): Recebe este Manual que contém a Regra de Vida das Congregações Marianas do Brasil. Conserva-o cuidadosamente e consulta-o frequentemente, seguindo com fidelidade o caminho que escolheste para tua vida cristã e mariana” - in “As Congregações Marianas no Brasil”, CNCMB, Ed. Loyola, SP,SP, 1994, 4ª edição, pág. 95.

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