Para que servem as Congregações Marianas


Alexandre Martins, cm.


A Igreja é o Corpo Místico de Cristo e pertencer a ela é a única coisa necessária para a Salvação.1 Estar em um grupo da Igreja é algo a mais e não absolutamente necessário. E cada associação da Igreja tem sua utilidade e função específica.
Os Mandamentos da Igreja, os quais nos são ensinados no Catecismo, alertam para o dever de assistir Missa inteira nos Domingos e Festas obrigatórios. É necessário à Salvação a participação na memória do Santo Sacrifício de Nosso Senhor ao menos nos Domingos, dia santo por excelência, como também nas quatro festas de presença obrigatória. Viver isso era considerado como ser um “bom católico”. Mas, após o Concílio Vaticano II e embasados pelas Conferências de Puebla e Medellín, os católicos, em especial os latino-americanos, foram chamados a possuir uma atitude missionária que acabou por gerar um ativismo que se tornou prejudicial para muitas pessoas, tanto fiéis leigos quanto o Clero. De hora para outra, participar da Santa Missa dominicalmente deixou de ser o somente necessário para se tornar algo caracteriza apenas o “católico acomodado”. De uma hora para outra, vários grupos, movimentos e pastorais surgiram como mato em um terreno baldio, ansiosas por mostrar uma “atividade missionária moderna”.
As Congregações Marianas, que já existiam há 4 séculos, sentiram a grande debandada de seus membros para os novos grupos que surgiram. Os sacerdotes, ansiosos por novidades, deram mais atenção aos novos movimentos e até mesmo criaram outros eles mesmos. Muitos leigos queriam algo diferente, uma reunião com cadeiras em círculo e sem paletós, e os padres conversando amenidades e não palestras preparadas com estudo.

Os novos grupos para velhas perguntas já respondidas


O problema, ou questão, que não foi respondida à época poderia haver mantido muitas Congregações Marianas funcionando ou até mesmo desencorajado a fundação de novos grupos que depois tiveram pouca duração: qual a finalidade das Congregações Marianas.
Um grupo mariano sempre tem uma função - ou carisma, como é o modo de falar de hoje. As confrarias do Rosário tinham a função de propagar a devoção e recitação do Santo Rosário. Os Círculos Bíblicos eram formados para fazer a leitura e estudo da Sagrada Escritura em conjunto por leigos, como um grupo de estudo escolar, sem sacerdotes. E as Congregações Marianas?

Para que servem as Congregações?


As Congregações Marianas não são somente um local de devoções marianas; não são um lugar de estudo sobre a Virgem Maria; não são uma espécie de escola de teologia ou estudos bíblicos; não são uma associação de ataque às heresias; não são um grupo aonde se abriga das baixezas do Mundo.
As Congregações Marianas servem para mudar a sociedade.
E que mudança seria essa senão a mudança da Sociedade humana à luz do Evangelho? E a mudança de uma mentalidade corrompida pelo pecado em uma mentalidade iluminada pela Graça santificante.
Por isso a preocupação das Congregações Marianas em que seus membros tenham vida de oração e frequência aos sacramentos, São os meios de manter e aumentar a Graça em nossos corações. Não se trata, portanto, de um ativismo para fazer mais orações ou atividades religiosas que outros grupos, mas sim proporcionar, aos Congregados e aos demais cristãos à nossa volta oportunidades de contexto com Deus.
Essa é a finalidade das Congregações Marianas: transformar a localidade aonde estejam. Como o sal da terra, como a lâmpada no alto, fazem a benéfica influência em tudo e em todos ao seu redor.

O porquê da formação do Congregado


A formação catequética dada aos Congregados não tem como função criar “super homens” da Fé ou grandes teólogos mas dar as razões da Fé para que ela seja robusta e firme no coração de cada um. Por isso a tradicional organização das Congregações Marianas para cada classe da Sociedade, como os estudantes, os comerciantes e outras. Com essa Fé firme, fortalecida pelo conhecimento da Doutrina Cristã, é natural que o Congregado seja um apóstolo no meio dos seus amigos e familiares, corrigindo, orientando e alentando a todos ao seu redor.
Por isso a seleção dos membros das Congregações Marianas, pois elas são o lugar para os que desejar agir e trabalhar para a expansão do Reino de Cristo na Terra. E nem todos querem ser cristãos assim. Muitos apenas desejam um grupo aonde se sintam acolhidos e queridos, outros um local tranquilo aonde possam fazer suas orações por intenções pessoais, outros querem uma espécie de escola da Fé aonde tenham suas dúvidas e curiosidades religiosas sanadas. Pessoas assim serão apenas amigos ou uma espécie de “associados paralelos” de uma Congregação Mariana mas não verdadeiros Congregados marianos.
Que sejam admitidos nas Congregações Marianas somente os que desejam transformar o Mundo e não os que querem apenas participar de um grupo mariano. Somente assim as Congregações Marianas poderão ser aquilo para o qual foram criadas.
Santa Maria, ensinai-nos a ser sal da terra!


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1- Não podemos esquecer que a Igreja é muito mais do que um caminho de salvação: é o único caminho. Ora isto não foi inventado pelos homens, mas foi Cristo quem assim dispôs: (…) Por isso se afirma que a Igreja é necessária, com necessidade de meio, para nos salvarmos. (...) Extra Ecclesiam, nulla salus. É o aviso contínuo dos Padres: fora da Igreja católica pode encontrar-se tudo - admite Santo Agostinho - menos a salvação. Pode ter-se honra, pode haver Sacramentos, pode cantar-se o "aleluia", pode responder-se "amen", pode defender-se o Evangelho, pode ter-se fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo e, inclusivamente, até pregá-la. Mas nunca, se não for na Igreja católica, pode encontrar-se a salvação. (s. Josemaria Escriva, in “Amar a Igreja”)

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