Para que servem as Congregações Marianas
Congregados marianos da Alemanha, 2008 |
Alexandre Martins, cm.
A
Igreja é o Corpo Místico de Cristo e pertencer a ela é a única
coisa necessária para a Salvação.1
Estar em um grupo da Igreja é algo a mais e não absolutamente
necessário. E cada associação da Igreja tem sua utilidade e função
específica.
Os
Mandamentos da Igreja, os quais nos são ensinados no Catecismo,
alertam para o dever de assistir Missa inteira nos Domingos e Festas
obrigatórios. É necessário à Salvação a participação na
memória do Santo Sacrifício de Nosso Senhor ao menos nos Domingos,
dia santo por excelência, como também nas quatro festas de presença
obrigatória. Viver isso era considerado como ser um “bom
católico”. Mas, após o Concílio Vaticano II e embasados pelas
Conferências de Puebla e Medellín, os católicos, em especial os
latino-americanos, foram chamados a possuir uma atitude missionária
que acabou por gerar um ativismo que se tornou prejudicial para
muitas pessoas, tanto fiéis leigos quanto o Clero. De hora para
outra, participar da Santa Missa dominicalmente deixou de ser o
somente necessário para se tornar algo caracteriza apenas o
“católico acomodado”. De uma hora para outra, vários grupos,
movimentos e pastorais surgiram como mato em um terreno baldio,
ansiosas por mostrar uma “atividade missionária moderna”.
As
Congregações Marianas, que já existiam há 4 séculos, sentiram a
grande debandada de seus membros para os novos grupos que surgiram.
Os sacerdotes, ansiosos por novidades, deram mais atenção aos novos
movimentos e até mesmo criaram outros eles mesmos. Muitos leigos
queriam algo diferente, uma reunião com cadeiras em círculo e sem
paletós, e os padres conversando amenidades e não palestras
preparadas com estudo.
Os novos grupos para velhas perguntas já respondidas
O
problema, ou questão, que não foi respondida à época poderia
haver mantido muitas Congregações Marianas funcionando ou até
mesmo desencorajado a fundação de novos grupos que depois tiveram
pouca duração: qual a finalidade das Congregações Marianas.
Um
grupo mariano sempre tem uma função - ou carisma, como é o modo de
falar de hoje. As confrarias do Rosário tinham a função de
propagar a devoção e recitação do Santo Rosário. Os Círculos
Bíblicos eram formados para fazer a leitura e estudo da Sagrada
Escritura em conjunto por leigos, como um grupo de estudo escolar,
sem sacerdotes. E as Congregações Marianas?
Para que servem as Congregações?
As
Congregações Marianas não são somente um local de devoções
marianas; não são um lugar de estudo sobre a Virgem Maria; não são
uma espécie de escola de teologia ou estudos bíblicos; não são
uma associação de ataque às heresias; não são um grupo aonde se
abriga das baixezas do Mundo.
As
Congregações Marianas servem para mudar a sociedade.
E
que mudança seria essa senão a mudança da Sociedade humana à luz
do Evangelho? E a mudança de uma mentalidade corrompida pelo pecado
em uma mentalidade iluminada pela Graça santificante.
Por
isso a preocupação das Congregações Marianas em que seus membros
tenham vida de oração e frequência aos sacramentos, São os meios
de manter e aumentar a Graça em nossos corações. Não se trata,
portanto, de um ativismo para fazer mais orações ou atividades
religiosas que outros grupos, mas sim proporcionar, aos Congregados e
aos demais cristãos à nossa volta oportunidades de contexto com
Deus.
Essa
é a finalidade das Congregações Marianas: transformar a localidade
aonde estejam. Como o sal da terra, como a lâmpada no alto, fazem a
benéfica influência em tudo e em todos ao seu redor.
O porquê da formação do Congregado
A
formação catequética dada aos Congregados não tem como função
criar “super homens” da Fé ou grandes teólogos mas dar as
razões da Fé para que ela seja robusta e firme no coração de cada
um. Por isso a tradicional organização das Congregações Marianas
para cada classe da Sociedade, como os estudantes, os comerciantes e
outras. Com essa Fé firme, fortalecida pelo conhecimento da Doutrina
Cristã, é natural que o Congregado seja um apóstolo no meio dos
seus amigos e familiares, corrigindo, orientando e alentando a todos
ao seu redor.
Por
isso a seleção dos membros das Congregações Marianas, pois elas
são o lugar para os que desejar agir e trabalhar para a expansão do
Reino de Cristo na Terra. E nem todos querem ser cristãos assim.
Muitos apenas desejam um grupo aonde se sintam acolhidos e queridos,
outros um local tranquilo aonde possam fazer suas orações por
intenções pessoais, outros querem uma espécie de escola da Fé
aonde tenham suas dúvidas e curiosidades religiosas sanadas. Pessoas
assim serão apenas amigos ou uma espécie de “associados
paralelos” de uma Congregação Mariana mas não verdadeiros
Congregados marianos.
Que
sejam admitidos nas Congregações Marianas somente os que desejam
transformar o Mundo e não os que querem apenas participar de um
grupo mariano. Somente assim as Congregações Marianas poderão ser
aquilo para o qual foram criadas.
Santa
Maria, ensinai-nos a ser sal da terra!
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1-
Não podemos esquecer que a Igreja é muito mais do que um caminho
de salvação: é o único caminho. Ora isto não foi inventado
pelos homens, mas foi Cristo quem assim dispôs: (…) Por isso se
afirma que a Igreja é necessária, com necessidade de meio, para
nos salvarmos. (...) Extra Ecclesiam, nulla salus. É o
aviso contínuo dos Padres: fora da Igreja católica pode
encontrar-se tudo - admite Santo Agostinho - menos a
salvação. Pode ter-se honra, pode haver Sacramentos, pode
cantar-se o "aleluia", pode responder-se "amen",
pode defender-se o Evangelho, pode ter-se fé no Pai, no Filho e no
Espírito Santo e, inclusivamente, até pregá-la. Mas nunca, se não
for na Igreja católica, pode encontrar-se a salvação. (s.
Josemaria Escriva, in “Amar a Igreja”)