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Alexandre Martins, cm.

Muito já se falou dos “filhos pródigos”, das “ovelhas desgarradas”, dos “desistentes”. Nosso mundo contemporâneo está repleto dos covardes, dos meias-palavras, dos libertinos.
Hoje em dia muitos casamentos terminam mais por covardia do que por outra coisa. Os cônjuges são covardes em lutar por ficarem juntos, por crescerem juntos e por construir uma família juntos. Curioso que alguns são os mesmos que se queixam da apatia do povo em melhorar o país e construir uma sociedade mais justa...
Se justifica aquele que abandona a faculdade. “Afinal, diploma não dá dinheiro”, dizem. Na verdade, a incompetência é a marca principal do desistente. Pois, se fosse competente para algo, saberia se poderia ou não iniciar empreender alguma coisa.
Se justifica os “desistentes” da Igreja: professoras de catequese, os ministros eucarísticos, os cantores de coral e membros de grupos que de uma hora para outra “jogam a toalha” e partem para uma vida ordinária e mundana.
Ora, ele viu que o seu caminho não era aquele”, dizem. Tolice. Muitos estão por estar, simplesmente. Como exemplo, há de uma moça que fora chamada a participar da Pia-União de Filhas de Maria. Como viu que suas amigas usavam uniforme branco aos domingos, rezavam o terço e davam aulas de catequese para crianças, percebeu que não poderia continuar sua vida de praias nos fins-de-semana, cabular aula para tomar cerveja e usar calças apertadas. Disse que aquela vida não era para ela. Compreensível, não?.
Outra moça, membro da Congregação Mariana, participando de todas as atividades, palestras, formações, ativa no apostolado, de repente desistiu de tudo e dedicou-se somente ao trabalho e nada mais além de uma praia no Domingo. Erro da Congregação que não foi, digamos, “atraente” e de seus membros que não a trataram como filha mimada, ou dela própria que fez “ouvidos de mercador” e nada aproveitou de útil para sua vida e nada aprendeu ?
Deixemos de ser críticos contumazes de grupos católicos ou mesmo da própria Igreja por não conseguirem converter as pessoas e transformar o Mundo.
Lembremos que o próprio Cristo não conseguiu fazer de todos os seus escolhidos os Apóstolos da Igreja: Judas Iscariotes desistiu, por exemplo. Culpa do Messias? Não, culpa do próprio Judas. Dois Judas existiam. Os dois viram os milagres de Jesus, os dois escutaram suas palavras de sabedoria, os dois tiveram o seu amor. Um é dos santos mais populares da Igreja, o Tadeu, reverenciado por milhões. O outro, Iscariotes, somente é lembrado por chacota ou por ofensa a alguém, pois seu nome virou sinônimo de “traidor”. Livre escolha. Judas Tadeu escolheu a felicidade com Deus. O outro Judas preferiu as moedas de prata. “Cada um sabe o que é melhor para si”, dirão os arautos da liberdade pessoal. Será que foi melhor para Judas Iscariotes enforcar-se ?
Se “viver é sentir-se fatalmente forçado a exercer a liberdade1, então essa liberdade deve ser realmente libertadora.
Muitos não se convertem porque não o querem. Não são felizes porque não querem. Parecem como cegos a tatear as luzes de uma árvore de natal: por mais que desejem, não conseguem sentir a beleza, pois lhes falta a visão.
E nós? Que faremos perante essas realidades, a essas visões deturpadas de Mundo? Devemos em primeiro rezar por eles, para que o Senhor Deus converta seus corações, como fez com o Faraó do Egito no tempo de Moisés. Em segundo, procuremos ocasiões para falarmos do assunto com naturalidade, como falamos da política ou de pensamentos filosóficos. Sejamos contumazes em mostrar a beleza do servir a Deus e sua utilidade e necessidade para nossas vidas, “mesmo que me canse, mesmo que não possa, mesmo que arrebente, mesmo que morra...”2 E, por final, tiremos preconceitos: nem todos serão congregados marianos ou devotos propagadores do Rosário. A muitos assistir a Santa Missa dominical e frequentar os Sacramentos é um passo colossal.
Nós, Congregados, entendemos que “o princípio do aperfeiçoamento seja o princípio geral da nossa vida3. Sabemos que “uma vida que não procura não vale a pena ser vivida”4. Prometemos “servir e fazer com que dos mais sejais fielmente servida e amada5 a Virgem Santíssima. Nós congregados prometemos isso em nossa Consagração. Não basta amar, precisamos fazer com que os outros amem. Assim nosso amor será sincero e perfeito.“Das suas criaturas que associa ao seu apostolado, exige Nosso Senhor de maneira formal não só que se conservem na virtude, como também que nela progridam.6
Que a Virgem, diligente em servir a Isabel, nos ensine a servir o próximo em sua busca pela felicidade, mostrando-lhe o real Caminho: o Cristo.


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1 - Ortega y Gasset, “a rebelião das massas “
2 - s. Teresa d’Avila, “caminho de perfeição”, pág. 21
3 - b. Jorge Matulaitis, “diário espiritual”, pág. 52
4 - Platão, “apologias”
5 - antigo Ato de Consagração perpétua do Congregado mariano, atribuído a s. Francisco de Sales.
6 - J.B.Chautard, “a alma de todo apostolado”, pág. 53

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