Jorge da Capadócia
Alexandre Martins,
cm.
na
memória de S. Jorge, Mártir, 23/4/2012
A
primeira vez que soube que são Jorge era da Capadócia – e também
soube que algum dia existiu um lugar com esse nome – foi em um
livro de Monteiro Lobato quando era criança. O escritor kardecista
narrava em sua obra do Sítio do Picapau Amarelo1
uma conversa entre Pedrinho e o Santo Guerreiro no qual este
informava sobre sua vida.
São
Jorge (275 - 23 de abril de 303) foi, de acordo com a tradição,
um soldado romano no exército do imperador Diocleciano, venerado
como mártir cristão.
São
Jorge é um dos mais venerados tanto na Igreja Católica Romana e na
Igreja Ortodoxa como também na Comunhão Anglicana. Considerado como
um dos mais proeminentes “santos militares”, sua memória é
celebrada dia 23 de abril como também em 3 de novembro, quando, por
toda parte, se comemora a reconstrução da igreja dedicada a ele em
Lida (Israel), onde se encontram suas relíquias, erguida por
Constantino I.
História
De
acordo com uma lenda, Jorge nasceu na Capadócia, região central da
Anatólia, atualmente parte da República da Turquia.
Ainda
criança mudou-se para a Palestina com sua mãe após seu pai morrer
em batalha. Sua mãe, ela própria originária da Palestina, em Lida,
possuía muitos bens e o educou com esmero. Ao atingir a
adolescência, Jorge entrou para o exército romano por ser a que
mais satisfazia à sua natural índole combativa. Logo foi promovido
a capitão do Exército Romano devido a sua dedicação e habilidade
— qualidades que levaram o imperador a lhe conferir o título de
Conde da Capadócia. Aos 23 anos passou a residir na corte imperial
em Nicomédia, exercendo a função de Tribuno Militar.
Nesse
tempo sua mãe faleceu e ele, tomando grande parte nas riquezas que
lhe ficaram, foi-se para a Roma. Jorge, ao ver que urdia tanta
crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo
conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com
diligência toda a riqueza que tinha aos pobres.
O
imperador Diocleciano tinha planos de matar cristãos e no dia
marcado para o senado confirmar o decreto imperial, Jorge levantou-se
no meio da reunião declarando-se espantado com aquela decisão, e
afirmou que os romanos deviam se converter ao cristianismo. Todos
ficaram atônitos ao ouvirem estas palavras de um membro da Suprema
Corte romana, defendendo com grande ousadia a fé em Jesus Cristo.
Indagado por um cônsul sobre a origem dessa ousadia, Jorge
prontamente respondeu-lhe que era por causa da Verdade. O tal cônsul,
não satisfeito, quis saber:
- "O que é a
Verdade?".
Jorge
respondeu-lhe:
- "A Verdade é
meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis, e eu sou servo de
meu redentor Jesus Cristo, e Nele confiando me pus no meio de vós
para dar testemunho da Verdade."
Como
Jorge mantinha-se fiel ao cristianismo, o imperador tentou fazê-lo
desistir da fé torturando-o de vários modos. Após cada tortura,
era levado ao imperador, que lhe perguntava se renegaria a Jesus para
adorar os deuses pagãos. Jorge reafirmava sua fé, tendo seu
martírio aos poucos ganhado notoriedade e muitos romanos tomado as
dores daquele jovem soldado, inclusive a mulher do imperador, que se
converteu ao cristianismo. Finalmente, Diocleciano, não tendo êxito,
mandou degolá-lo no dia 23 de abril de 303, em Nicomédia (Ásia
Menor).
Seus
restos mortais foram transportados para Lida (Antiga Dióspolis),
cidade de em que crescera com sua mãe. Lá foi sepultado e mais
tarde o imperador cristão Constantino mandou erguer suntuoso
oratório aberto aos fiéis, para que a devoção ao santo fosse
espalhada por todo o Oriente.
Pelo
século V, já havia cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São
Jorge. No Egito, nos primeiros séculos após sua morte,
construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao
mártir. Na Armênia, Bizâncio, no Estreito de Bósforo, na Grécia,
São Jorge era inscrito entre os maiores santos da Igreja Católica.
Disseminação da devoção
Na
Itália, era padroeiro da cidade de Gênova. Frederico III da
Alemanha lhe dedicou uma Ordem Militar. Desde Dom Nuno Álvares
Pereira, o santo é reconhecido como padroeiro de Portugal e do
Exército. Na França, Gregório de Tours era conhecido por sua
devoção ao santo cavaleiro; o Rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro,
e sua esposa, Santa Clotilde, mandou erguer várias igrejas e
conventos em sua honra.
As
artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo.
Em
Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael Sanzio,
intitulado “São Jorge vencedor do Dragão”. Na Itália, existem
diversos quadros célebres, como um de autoria de Donatello.
Padroeiro da Inglaterra
A
Inglaterra foi o país ocidental onde a devoção ao santo teve papel
mais relevante.
Não
há consenso, porém, a respeito da maneira como teria se tornado
padroeiro da Inglaterra. No século XIII, a Inglaterra já celebrava
o dia dedicado ao santo. Por considerá-lo o protótipo dos
cavaleiros medievais, o rei inglês Ricardo I, comandante de uma das
primeiras Cruzadas, constituiu São Jorge padroeiro daquelas
expedições que tentavam reconquistar a Terra Santa dos muçulmanos.
Seu nome era conhecido por ingleses e irlandeses muito antes da
conquista normanda, o que supõe que soldados que retornavam das
cruzadas influíram na sua popularidade. Acredita-se que o santo
tenha sido escolhido o padroeiro do reino quando o rei Eduardo III
fundou a Ordem da Jarreteira, também conhecida como Ordem dos
Cavaleiros de São Jorge, em 1348. De acordo com a história da Ordem
da Jarreteira, Rei Artur, no século VI,colocou a imagem de São
Jorge em suas bandeiras.2
imitando os gregos, que também trazem a cruz de São Jorge na sua
bandeira, o “Big Jack” que é a união das cruzes de São Jorge e
Santo André Apóstolo. Em 1415, a data de sua comemoração
tornou-se um dos feriados mais importantes do país.
Durante
a Grande Guerra, muitas medalhas de São Jorge foram cunhadas e
oferecidas aos enfermeiros militares e às irmãs de caridade que se
sacrificaram ao tomar conta dos feridos de guerra.
Declínio e soerguimento da devoção
Hoje
em dia na Inglaterra, todavia, a festa de São Jorge comemorada todo
dia 23 de abril tem tido menos popularidade ao longo das últimas
décadas. Algumas rádios locais, como a BBC já chegaram a promover
enquetes perguntando qual seria, de acordo com a opinião pública, o
orago dos ingleses, e eis que o eleito foi Santo Alba. Muitos fatores
contribuíram a isso. Primeiramente por ter sido substituído,
segundo bula do Papa Leão XIII de 2 de junho de 1893, por São Pedro
como padroeiro da Inglaterra — recomendação que perdura até
hoje.
Pelas
reformas do Papa Paulo VI, São Jorge foi rebaixado a santo menor de
terceira categoria, cujo culto seria opcional nos calendários locais
e não mais em caráter universal. No entanto, a reabilitação do
santo como figura de primeira instância pelo Papa João Paulo II em
2000, conferiu nova relevância a São Jorge.
Atualmente,
haja vista a grande popularidade e apelo turístico de festas como a
escocesa St. Andrew's Day, a irlandesa St. Patrick's Day e mesmo a
galesa St. Dave's Day, têm-se formado grande iniciativa de setores
nacionalistas para que o St. George's Day volte a gozar da mesma
popularidade entre os ingleses como antigamente.
Padroeiro de Portugal
Pensa-se
que os Cruzados ingleses que ajudaram o Rei Dom Afonso Henriques a
conquistar Lisboa, em 1147, terão sido os primeiros a trazer a
devoção a São Jorge para Portugal. No entanto, só no reinado de
Dom Afonso IV de Portugal que o uso de "São Jorge!" como
grito de batalha se tornou regra, substituindo o anterior
"Sant'Iago!".
Nuno
Álvares Pereira3
o Condestável do Reino, considerava São Jorge o responsável pela
vitória portuguesa na batalha de Aljubarrota, construindo-se aí uma
capela, a ele dedicada. Nessa altura o seu rei Dom João I de
Portugal substituiu Santiago como padroeiro de Portugal. Ordenou que
a sua imagem a cavalo fosse transportada na procissão do Corpus
Christi. Assim, séculos mais tarde, a devoção chegaria ao
Brasil. O estandarte que elegeu como insígnia pessoal trazia as
imagens do Crucificado, de Maria e dos cavaleiros S. Tiago e S.
Jorge.
Padroeiro da Catalunha
A
presença documental da devoção a São Jorge em terras catalãs
remonta ao século VIII: documentos da época falam de um sacerdote
de Tarragona chamado Jorge que fugiu para a Itália. Já no século
X, um bispo de Vic tinha o nome de Jorge, e no século XI o abade
Oliba consagrou um altar dedicado ao santo no mosteiro de Ripoll.
Encontram-se exemplos do culto a São Jorge dessa época, na
consagração de capelas, altares e igrejas em diversos pontos da
Catalunha. Os reis catalães mostraram a sua devoção a São Jorge:
Tiago I de Catalunha explica em suas crônica que foi visto o santo
ajudando os catalães na conquista da cidade de Malorca; Pedro o
Cerimonioso fundou uma ordem de cavalaria sob a sua proteção;
Afonso, o Magnânimo dedicou-lhe capelas nos reinos da Sardenha e
Nápoles.
Os
reis e a Generalidade da Catalunha impulsionaram a celebração da
festa de São Jorge por todas as regiões catalãs. Em Valência, em
1343, já era uma festa popular; em 1407, Mallorca celebrava-a
publicamente. Em 1436, a Generalidade da Catalunha propôs, nas
côrtes reunidas em Montsó, a celebração oficial e obrigatória de
São Jorge; em 1456, as côrtes reunidas na Catedral de Barcelona
ditaram uma constituição que ordenava a festa, inclusa no código
das Constituições da Catalunha. As remodelações do Palácio da
Generalidade (sede do governo catalão) feitas durante o século XV
são a prova mais clara da devoção impulsionada por esse órgão
público, ao colocar um medalhão do santo na fachada gótica e ao
construir no interior a capela de São Jorge.
Lenda do dragão e da princesa
Baladas
medievais contam4
que Jorge era filho de Lorde Albert de Coventry. Sua mãe morreu ao
dá-lo à luz e o recém nascido Jorge foi roubado pela Dama do
Bosque para que pudesse, mais tarde, fazer proezas com suas armas. O
corpo de Jorge possuia três marcas: um dragão em seu peito, uma
jarreira em volta de uma das pernas e uma cruz vermelho-sangue em seu
braço. Ao crescer e adquirir a idade adulta, ele primeiro lutou
contra os sarracenos e, depois de viajar durante muitos meses por
terra e mar, foi para Sylén, uma cidade da Líbia.
Nesta
cidade, Jorge encontrou um pobre eremita que lhe disse que toda a
cidade estava em sofrimento, pois lá existia um enorme dragão cujo
hálito venenoso podia matar toda uma cidade, e cuja pele não
poderia ser perfurada nem por lança e nem por espada. O eremita lhe
disse que todos os dias o dragão exigia o sacrifício de uma bela
donzela e que todas as meninas da cidade haviam sido mortas, só
restando a filha do rei, Sabra, que seria sacrificada no dia seguinte
ou dada em casamento ao campeão que matasse o dragão.
Ao
ouvir a história, Jorge ficou determinado em salvar a princesa. Ele
passou a noite na cabana do eremita e quando amanheceu partiu para o
vale onde o dragão morava. Ao chegar lá, viu um pequeno cortejo de
mulheres lideradas por uma bela moça vestindo trajes de pura seda
árabe. Era a princesa, que estava sendo conduzida pelas mulheres
para o local do sacrifício. São Jorge se colocou na frente das
mulheres com seu cavalo e, com bravas palavras, convenceu a princesa
a voltar para casa.
O
dragão, ao ver Jorge, sai de sua caverna, rosnando tão alto quanto
o som de trovões. Mas Jorge não sente medo e enterra sua lança na
garganta do monstro, matando-o. Como o rei do Marrocos e do Egito não
queria ver sua filha casada com um cristão, envia São Jorge para a
Pérsia e ordena que seus homens o matem. Jorge se livra do perigo e
leva Sabra para a Inglaterra, onde se casa e vive feliz com ela até
o dia de sua morte, na cidade de Coventry.
De
acordo com a outra versão5
Jorge acampou com sua armada romana próximo a Salone, na Líbia. Lá
existia um gigantesco crocodilo alado que estava devorando os
habitantes da cidade, que buscaram refúgio nas muralhas desta.
Ninguém podia entrar ou sair da cidade, pois o enorme crocodilo
alado se posicionava em frente a estas. O hálito da criatura era tão
venenoso que pessoas próximas podiam morrer envenenadas. Com o
intuito de manter a besta longe da cidade, a cada dia ovelhas eram
oferecidas à fera até estas terminarem e logo crianças passaram a
ser sacrificadas.
O
sacrifício caiu então sobre a filha do rei, Sabra, uma menina de
quatorze anos. Vestida como se fosse para o seu próprio casamento, a
menina deixou a muralha da cidade e ficou à espera da criatura.
Jorge, o tribuno, ao ficar sabendo da história, decidiu pôr fim ao
episódio, montou em seu cavalo branco e foi até o reino resgatá-la.
Jorge foi até o reino resgatá-la, mas antes fez o rei jurar que se
a trouxesse de volta, ele e todos os seus súditos se converteriam ao
cristianismo. Após tal juramento, Jorge partiu atrás da princesa e
do "dragão". Ao encontrar a fera, Jorge a atinge com sua
lança, mas esta se despedaça ao ir de encontro à pele do monstro
e, com o impacto, São Jorge cai de seu cavalo. Ao cair, ele rola o
seu corpo, até uma árvore de laranjeira, onde fica protegido por
ela do veneno do dragão até recuperar suas forças.
Ao
ficar pronto para lutar novamente, Jorge acerta a cabeça do dragão
com sua poderosa espada Ascalon. O dragão derrama então o veneno
sobre ele, dividindo sua armadura em dois. Uma vez mais, Jorge busca
a proteção da laranjeira e em seguida, crava sua espada sob a asa
do dragão, onde não havia escamas, de modo que a besta cai muito
ferida aos seus pés. Jorge amarra uma corda no pescoço da fera e a
arrasta para a cidade, trazendo a princesa consigo. A princesa,
conduzindo o dragão como um cordeiro, volta para a segurança das
muralhas da cidade. Lá, Jorge corta a cabeça da fera na frente de
todos e as pessoas de toda cidade se tornam cristãs.
O
dragão simbolizaria o Demônio, a idolatria e o Mal destruídos com
as armas da Fé. Já a donzela que o santo defendeu representaria a
província da qual ele extirpou as heresias.
Curiosamente,
no Oriente o dragão está muito mais ligado a água do que ao fogo.
É o símbolo máximo do Poder na China, tanto que apenas o Imperador
podia usá-lo em suas roupas, pois o dragão tinha livre acesso aos
deuses. Diferente das suas manifestações ocidentais, não é uma
besta que solta fogo pelas ventas: é do bem, sábio e da sua boca
sai água. E em um país com apenas 11% de sua área cultivável e
uma população imensa, água é importante pois significa colheita.
Daí as formas ondulantes do dragão serem vistas em nuvens e rios.
São Jorge, a Lua e os Orixás
A
ligação de São Jorge com a lua é algo puramente brasileiro, com
forte influência da cultura africana. A tradição diz que as
manchas apresentadas pela lua representam o milagroso santo, seu
cavalo e sua espada pronto para defender aqueles que buscam sua
ajuda.6
Na
Umbanda, o santo é associado a Ogum. Ogum (em yoruba: Ògún) é, na
mitologia yoruba, o orixá ferreiro,[1] senhor dos metais. O próprio
Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a
agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos
homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais
velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no jogo do
merindilogun pelos odu etaogunda, odi e obeogunda,
É
representado, no Brasil, como São Jorge; como tal, é poderoso e
triunfal, mas também exibe a raiva e destrutividade do guerreiro
cuja força e violência pode virar contra a comunidade que ele
serve. Ogum também é representado por Santo Antonio, como
frequentemente é feito na região nordeste do Brasil.
Ogum
é o primeiro dos orixás a descer do Orun (o céu), para o Aiye (a
Terra), após a criação, um dos semideuses visando uma futura vida
humana. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários
nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a
vir para a Terra".
Ogum
foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá
da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun,
que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar
chamado 'Ire-Ekiti'.
É
também chamado por Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún. Sua
primeira aparição na mitologia foi como um caçador chamado Tobe
Ode.
É
filho de Oduduwa e Yembo, irmão de Xangô, Oxossi, Oxun e Eleggua.
Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou
a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temporariamente cego, Ogum
tornou-se seu regente em Ifé.
Ogum
é um orixá importantíssimo na África e no Brasil. Sua origem, de
acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último
imolé. Os Igba Imolé eram os duzentos orixás da direita que foram
destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único
Igba Imolé que restou, coube conduzir os Irun Imole, os outros
quatrocentos orixás da esquerda.
Foi
Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um
molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada,
picareta, espada e faca, com as quais ajuda o homem a vencer a
natureza.
Era
um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas
expedições, ele trazia sempre um rico espólio e numerosos
escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e
devastou muitos outros estados e apossou-se da cidade de Irê, matou
o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso,
usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". Tem
semelhança com o vodum Gu.
Na
Santeria7
Ogum é dono dos montes junto com Oshosi e dos caminhos junto com
Eleggua. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É
um dos quatro Orixás guerreiros. Suas cores são o azul e branco ou
branco e vermelho. Em Cuba, na santeria e na Palo Mayombe, ele é
chamado de São Pedro, São Paulo, São João Batista, São Miguel
Arcanjo e São Rafael Arcanjo.
No
Candomblé, Ogum é o Orixá ferreiro dono de todos os caminhos e
encruzilhadas junto com seu irmão Exu, também é tido como irmão
de Oxossi e uma ligação muito forte com Oxaguian de quem é
inseparável, aparece como o Senhor das guerras e demandas, suas
cores são Azul cobalto e o verde e na Umbanda sua cor é o vermelho.
Sacrificam-se bodes, galos, galinhas-de-angola (macho), pombos, e
patos. Todos os orixás masculinos (agboros) recebem sacrifícios de
animais machos.No culto dos orixás, ele aparece com outras
identidades, tais como Ogum Akirum, Ogum Alagbede, Ogum Alara, Ogum
Elemona, Ogum Ikole, Ogun Meji, Ogum Oloola, Ogum Onigbajamo, Ogum
Onire, Ogun-un e Onile, sendo este último uma encarnação feminina.
É representado imaterial e materialmente através do assentamento
sagrado denominado igba ogun.
Ogum
no Haiti é um vodun haitiano, um loa8
do fogo, do ferro, da caça, da política e da guerra. É o patrono
dos guerreiros, e normalmente é mostrado com seus artefatos: facão
e espada, rum e tabaco. Ogum é um dos maridos de Erzulie e foi
marido de Oyá e Oxum na mitologia yorubá. Tradicionalmente um
guerreiro, Ogum é visto como uma poderosa divindade dos trabalhos em
metal, semelhante à Ares e Hefesto na mitologia grega e Visvakarma
na mitologia hindu. A maioria dos africanos que foram levados como
escravos para o Haiti eram da Costa da Guiné da África ocidental, e
seus descendentes são os primeiros praticantes de vodou (aqueles
africanos trazidos ao sul dos Estados Unidos, eram primeiramente do
reino de Congo). A sobrevivência do sistema da crenças no novo
mundo é notável, embora as tradições mudem com o tempo. Uma das
maiores diferenças, entretanto, entre o vodun africano e o Haitiano
é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a
disfarçar o seu lwa, ou espíritos, como santos católicos romanos,
neste país, com Santiago el Mayor, num processo chamado sincretismo.
Dentro
dessas crenças, Ogum é dono dos montes junto com Oshosi e dos
caminhos junto com Eleggua. Representa o solitário hostil que vaga
pelos caminhos. É um dos quatro orixás guerreiros. Suas cores são
o verde e o preto. Ogum é considerado o Orisha dos ferreiros, das
guerras, da tecnologia.
Na
mitologia Fon, Gu é o deus da guerra e patrono da deidade dos
ferreiros e dos artesãos. Ele foi enviado à Terra para torná-la um
local agradável para as pessoas viverem, e ele ainda não terminou
sua tarefa.
São Jorge na cultura popular
“Jorge
de Capadócia” é uma música de Jorge Ben, interpretada também
por Caetano Veloso, Fernanda Abreu, Moacyr Luz e Aldir Blanc, e pelos
Racionais MC's. A banda inglesa Iron Maiden fala de São
Jorge na música "Flash of the Blade", no álbum
Powerslave. A banda brasileira Angra utilizou a imagem do
santo na capa do álbum Temple of Shadows.
São
Jorge é o padroeiro do Clube Corinthians. Acredita-se que sua
história de devoção e fidelidade à Verdade cristã até o fim de
seu martírio seja a origem do termo "Fiel", popular entre
os torcedores e presente em várias agremiações corintianas.
Existe
um romance sobre São Jorge criado pelo escritor italiano Tito Casini
chamado “Perseguidores e Mártires” (Edições Paulinas, 1960).
Nele, São Jorge é retratado como o verdadeiro paladino da Capadócia
que, apesar de ser perseguido pelo tirano imperador Diocleciano,
manteve-se fiel ao Império Romano, mas também a Cristo e se recusou
a contrair alianças com o genro do imperador, Galério, que
pretendia ter o apoio do conde da Capadócia para deliberar um golpe
contra Diocleciano, o que terminantemente, o santo militar recusou.
São
Jorge é o Santo Padroeiro da Cavalaria do Exército Brasileiro.
O papa Bento XVI e São Jorge
No
dia 28 de novembro de 2006 o Papa Bento XVI chegou ao Aeroporto
Internacional de Esenboga (Ankara) às 13 horas, horário local, para
uma visita oficial à Turquia, atendendo convite do Patriarca
Ecumênico de Constantinopla Bartolomeu I e do Presidente da Turquia
Ahmet Necdet Sezer. Assim que os carros oficiais chegaram próximos à
Catedral de São Jorge, os sinos soaram festivos dando boas vindas à
comitiva e ao Bispo de Roma. Às portas da Catedral, foram oferecidas
flores ao Papa antes do fraternal cumprimento e da solene entrada de
Bento XVI e Bartolomeu I. Ladeados por dois diáconos que incensavam
o Patriarca e o Papa, ambos acenderam suas velas diante dos ícones
de Santo André e do Padroeiro da Catedral, São Jorge. O coro
entoava as antífonas próprias do Oficio Litúrgico de Vésperas da
Solene Festa de Santo André que foi iniciado pelo Patriarca
Ecumênico rezando: «Bendito seja nosso Deus a todo momento, agora e
sempre, pelos séculos dos séculos».
Orações a São Jorge
I
Ó Deus onipotente, que nos protegeis pelos méritos e as bênçãos
de São Jorge, fazei que este grande mártir, com sua couraça, sua
espada, e seu escudo; que representam a fé, a esperança, e a
caridade; ilumine os nossos caminhos e fortaleça o nosso ânimo nas
lutas da vida. Dê firmeza à nossa vontade contra as tramas do
maligno, para que, vencendo na terra, como São Jorge venceu,
possamos triunfar no céu convosco, e participar das eternas
alegrias.
Amém!
II
São Jorge, também invocado como padroeiro dos escoteiros e de
tantas nações, não nos importamos se muitos dizem-no ser uma
lenda, por derrotares um dragão. Não importa que este dragão seja
real, mas o que derrotastes é o que precisamos todos derrotar: o
Inimigo que nos cerva para impedir as graças que Deus nos deseja
tanto dar e arrastar-nos com ele aos abismos. Glorioso são Jorge,
jovem são Jorge, não foi por pouco que fostes declarastes santo e
padroeiro de tantas cidades que vos prestam veneração. Peço-vos
que intercedais por mim para que alcance de Deus a mesma convicta fé,
principalmente nos momentos mais difíceis que devo passar. Que nada
me amedronte. Sede meu intercessor e que vossa espada esmagai a
satanás e seus sequazes que nos impede de sermos mais felizes e
entusiasmados. Amo-vos e creio em Vossa santidade e vos peço perdão
por todos aqueles que vos resumiram em lendas para destruírem vossa
santa imagem. Por Cristo Nosso Senhor, tomai conta de mim e de minha
amada família.
Amém.
III
Ó glorioso São Jorge! Tribuno militar e cavaleiro romano, vós
tínheis pela frente brilhante carreira; mas a fé vos disse que
devíeis lutar por Cristo, e vós protestando contra o edito de
perseguição do imperador Diocleciano, trocastes a espada de soldado
pela espada da cruz, e declarastes guerra ao paganismo. Tombastes
mártir de Cristo, mas vosso martírio foi golpe que transpassou as
fauces do dragão. Glorioso São Jorge! O dragão que vós pisastes
tenta reerguer-se. O dragão do paganismo moderno arremete com furor
contra a humanidade. Imploramos vossa defesa e proteção! Conservai
nossa fé. Corrigi aqueles que usam o vosso nome para enganar seu
próximo com práticas supersticiosas e contrárias à fé que vós
defendestes.
IV
São Jorge, queremos recordar-te como recordamos a antiga
tradição. Tu abandonaste os êxitos militares e distribuíste teus
bens entre os pobres. Tu abandonaste os deuses poderosos do Império
Romano para seguir o Messias crucificado. Tu abandonaste a segurança
de tua linhagem para unir a comunidade dos cristãos. Tu destes a
vida pelo amor a Jesus e ao Evangelho . São Jorge, mártir e
companheiro fiel de Jesus. Gostamos de recordar de ti a luz da
primavera e da Páscoa; gostamos de recordar o seu poder no combate
contra a dor e a escravidão. São Jorge, ajuda aos enamorados do
Evangelho e ajuda-nos a viver essa fé que tu tão intensamente
viveste e sentiste e nos ajude a fazer o possível para que todo o
mundo possa sentir a felicidade da primavera.
Conclusão
Num
mundo em que existem tantos “dragões” a atacar nossa Fé e
nossos valores, aprendemos com Jorge da Capadócia sermos firmes em
nossas ações em busca da Verdade e na defesa da Virtude. Com o
mártir romano aprendemos que vale mais Deus e a Santa Doutrina do
que as glórias vãs do Mundo.
A
força de sua ação, perdida nas brumas da História, é mantida
pelo relato de tantos homens de valor que ergueram monumentos e
construções à sua homenagem. São esses monumentos e os relatos
que nos apresentam o túmulo do “guerreiro lendário”, mostrando
que o valor de um homem não está no que possui mas no testemunho da
Verdade.
Que
São Jorge da Capadócia nos mostre a maturidade cristã que tanta
falta faz no meio dos dragões contemporâneos.
________________________________________________________
1-
“Viagem ao céu e O Saci”, ed. Brasiliense, 1954
2-
Ashmole, Elias, The History of the most Noble Order of the Garter:
And the several Orders of Knighthood extant in Europe. A Bell;
E.Curll; J.Pemberton; A Collins; W.Taylor; J.Baker, London 1715
3-
foi canonizado em 26 de abril de 2009, pelo papa Bento XVI
4-
Bishop Percy's folio manuscript: loose and humorous songs ed.
Frederick J. Furnivall. London, 1868
5-
The Golden Legend or Lives of the Saints. Compiled by Jacobus de
Voragine, Archbishop of Genoa, 1275. First Edition Published 1470.
Englished by William Caxton, First Edition 1483, Edited by F.S.
Ellis, Temple Classics, 1900 (Reprinted 1922, 1931)
6-
Santos, Georgina Silva dos.Ofício e sangue: a Irmandade de São
Jorge e a Inquisição na Lisboa moderna.Lisboa: Colibri; Portimão:
Instituto de Cultura Ibero-Atlântica, 2005
7-
Santeria (literalmente, “caminho dos santos”) é um conjunto de
sistemas religiosos relacionados que funde crenças católicas com a
religião tradicional iorubá, praticada por escravos e seus
descendentes em Cuba, no Brasil (o Candomblé apresenta semelhanças
com a Santeria), em Porto Rico, na República Dominicana, no Panamá
e nos Estados Unidos (Flórida, Nova York e Califórnia).
Originalmente um termo pejorativo aplicado pelos espanhóis à
devoção excessiva aos santos. Os proprietários cristãos dos
escravos não permitiram que praticassem suas várias religiões
animistas da África Ocidental, o que fez com que os escravos
contornassem essa proibição adorando seus deuses africanos sob a
forma exterior dos santos católicos. O ritual da santeria é
altamente secreto e transmitido principalmente por via oral. As
práticas conhecidas incluem sacrifício animal, dança extática e
invocações cantadas aos espíritos. As galinhas são a forma mais
popular de sacrifício; seu sangue é oferecido aos orixás. A
música do tambor, atabaque e dança são usadas para produzir um
estado do transe nos participantes, que podem incorporar um orixá.
Os antepassados são tidos em alta estima na Santeria.
8-
No vodu haitiano acredita-se que há um deus que é o criador de
tudo, chamado de "Bondje" (do francês "bon Dieu"
ou "bom deus", distinguido do Deus dos brancos mas é
considerado frequentemente o mesmo Deus da Igreja Católica de
maneira informal. Bondje é distante de sua criação e assim é que
são os espíritos ou os "mistérios", "santos"
ou "anjos" que o voduísta invoca para a ajudá-lo, assim
como os antepassados. O voduísta adora o deus e serve aos
espíritos, que são tratados com honra e respeito como se fossem
membros mais velhos de uma casa. Diz-se que são vinte e uma nações
ou "nanchons" dos espíritos, também chamadas às vezes
"lwa-yo".
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