Pedro Jorge Frassati - O Santo Congregado alpinista
Alexandre Martins, cm.
Dos
vários santos e beatos que as Congregações Marianas deram à
Igreja, um que mais se aproxima do jovem atual talvez seja o jovem
Pedro Frassati.
Esse
jovem italiano típico da primeira metade do século XX ainda é
atual para o jovem do século XXI: era descontraído, atlético,
piedoso e sincero.
Pedro
Jorge Frassati nasceu em Turim na Itália em 6 de Abril de 1901. Fé
e caridade, as verdadeiras forças motivadoras de sua existência, o
tornaram ativo e diligente nas redondezas onde ele viveu, em sua
família e escola, na universidade e na sociedade; elas o
transformaram em um jovem alegre e apóstolo entusiasta de Cristo, um
seguidor apaixonado de sua mensagem e caridade.
Era
filho do bem-sucedido empresário Alfredo Frassati, fundador do
jornal “La Stampa”, ainda existente em Turim. Alfredo trabalhou
de seu modo até atingir o sucesso, numa época de guerras e
dificuldades. Alfredo também era embaixador da Alemanha e tinha
grande influência política. Não era um homem muito religioso, e o
resultado do seu sucesso conquistou uma boa posição na sociedade.
Em
1902 nasceu Luciana, a única irmã de “Dodo” (apelido familiar
de Pedro) e desde a infância eram muito bons amigos. Quando começou
a escola, veio parecer que ele, ao contrário da irmã, tinha algumas
dificuldades em redação. O curioso é que muitas das suas mensagens
vieram a nós em cartas escritas por aqueles que viviam com ele.
Quando reprovou um ano, foi mandado para uma escola particular
dirigida por padres jesuítas, onde ele pôde completar dois anos
escolares em um.
Lá,
ingressou na Congregação Mariana do colégio, em um momento de
grande alegria para ele. “Era o mais bem-vestido e mais alegre de
todos” disse um sacerdote na ocasião “afirmava que estar
bem-vestido era uma homenagem à Virgem Maria em momento tão digno”.
O aprendizado na Congregação o sustentou para todas suas
atividades, tanto sociais quanto espirituais.
Mesmo
os estudos não sendo fáceis para ele, decidiu ir para a
universidade para estudar Engenharia de Minas, para poder ajudar os
mineiros que precisavam de cuidados com suas saúdes, que tinham
longas e duras jornadas de trabalho, geralmente mal remunerada, sendo
mais uma oportunidade de ajudar os que precisavam de mais ajuda que
outros. Isto, é claro, foi uma fonte de desgosto para seu pai, que
via e esperava de seu único filho ser seu sucessor na direção do
jornal. Com lágrima nos olhos, mas determinado, Pedro Frassati
decidiu sacrificar seus planos pessoais para satisfazer seu pai.
O
segredo de seu zelo apostólico e sua devoção deve ser buscado na
jornada espiritual e ascética em que ele viajava; em oração, em
adoração perseverante, mesmo à noite, diante do Santíssimo
Sacramento, em sua sede pela Palavra de Deus, buscada em textos
bíblicos; na aceitação pacífica das dificuldades da vida e da
vida familiar; na castidade vivida como uma disciplina alegre e
inflexível; em seu amor diário ao silêncio e no quotidiano da
vida.
Certamente,
olhando de forma superficial, o estilo de vida de Frassati, estilo de
um jovem moderno e cheio de vida, não nos apresenta nada fora do
ordinário. Esta, entretanto, é a originalidade de sua virtude que
nos convida a refletir a respeito e nos motiva a imitá-lo.
Nele,
a fé e os acontecimentos diários são harmoniosamente fundidos,
fazendo com que a aderência ao Evangelho seja traduzida em amor e
cuidados com os pobres e necessitados num crescer contínuo, até nos
últimos dias da doença que o levou à morte, tal como um seu
predecessor, o jovem Luiz de Gonzaga, um Congregado como ele, também
jovem (faleceu aos 21 anos) e que infectou-se de tifo durante sua
caridade com os doentes.
Seu
amor pela beleza e as artes, sua paixão por esportes e montanhas,
sua atenção aos problemas da sociedade não inibiram seu
relacionamento constante com o Absoluto. Não por menos o beato João
Paulo II se apressou a beatificá-lo, pois o Papa também Congregado
mariano era um desportista e montanhista como Pedro Frassati. Na
região dos alpes italianos, Jorge Frassati veio a se apaixonar pela
grandeza das montanhas que o rodeava, e encontrou grande prazer em
fazer longas caminhadas e em escalar os altos picos, e nesta
atividade, ele encontrou o domínio de si mesmo que é necessário
para a verdadeira caridade. Sendo amigo por natureza, ele
freqüentemente trazia em suas longas excursões muitos amigos, tanto
homens quando mulheres, e fundou um grupo que era chamado
satiricamente de “Os Sinistros” (“I Tipi Loschi”).
Ele
cumpriu sua vocação como leigo cristão em muito envolvimento
político e associativo numa sociedade em crescimento, uma sociedade
que era indiferente e às vezes até mesmo hostil à Igreja. Enquanto
crescia com o tempo e a desordem política que ascendeu na Europa se
transformou na Primeira Guerra Mundial, o interesse de Pedro
Frassati pelas questões políticas de sua nação cresceu
fortemente. Ele registrou-se no PPP (Partido Popolare Italiano –
Partido do Povo Italiano) em oposição à visão política de
seu pai. Entretanto, seguindo a campanha de Alfredo Frassati, opôs-se
ao envolvimento da Itália no conflito armado. Ele não admitia ser
um simples observador: muitas fotos o mostram envolvido em reuniões
e marchas políticas. Ele defenderia suas opiniões mas
principalmente os direitos de todas as pessoas. Quando alguns
fascistas dos “Camisas Pretas”1
tentaram apedrejar a casa de seus pais, ele a defendeu com seus
próprios punhos e expulsou os intrusos. Quando o presidente
estadunidense Wilson propôs a idéia da Liga das Nações, ele foi
até a praça com uma bandeira, gritando “Viva, Wilson!”.
Neste
espírito, Pedro Jorge obteve sucesso dando novos impulsos a vários
movimentos Católicos, aos quais ele se uniu entusiasticamente, mas
especialmente à Ação Católica, bem como à Federação de
Estudantes Universitários Católicos Italianos, no qual ele
encontrou o verdadeiro ginásio de seu treinamento Cristão e os
campos corretos de seu apostolado.
A
Ação Católica, criada pelo Papa Pio XI, foi a gênese de todas as
Pastorais existentes na Igreja atual. Ainda existe na Europa e, no
Brasil, o Clero a transformou em um sem-número de iniciativas
particulares com nomes variados. Seu mote sempre foi a transformação
cristã da Sociedade. O mesmo que as Congregações Marianas, mas sem
o compromisso particular destas.
Na
Ação Católica ele alegre e orgulhosamente viveu sua vocação
Cristã e se esforçou para amar Jesus e vê-Lo em seus irmãos e
irmãs que ele encontrava em seu caminho, ou naqueles que ele buscava
em seus lares de sofrimento, marginalização e isolamento, para
ajudá-los a sentir o calor de sua solidariedade humana e o conforto
sobrenatural da fé em Cristo. Sua aptidão natural para liderança,
seu entusiasmo e sua sincera preocupação com seus companheiros
foram um exemplo e um caminho que eles deveriam seguir e alguns de
seus amigos também o ajudaram nos trabalhos de caridade que ele
conduziu, sem fanfarra e sempre espontâneo, por ter visto no
sofrimento a imagem de Jesus Cristo. É sabido que numa ocasião, no
frio do inverno, ele deu seu único casaco a um homem que não tinha
um. Ele economizava todo o dinheiro que tinha e, mesmo que tivesse
que andar muito, ia à alguma favela de sua cidade, e dava o que ele
tinha para aqueles que estavam em maiores necessidades. Tudo isto era
feito com seu bom humor natural, porque Pedro nunca entendeu caridade
como uma obrigação, mas sempre como uma escolha pura e espontânea
feita pelo amor a Deus.
Pedro
não pode continuar para dirigir o jornal de seu pai, pois
repentinamente ficou muito doente e morreu de poliomielite em aos 4
de julho de 1925, em dor profunda, mas sem se queixar. Uma vida que
foi extraordinariamente completa com frutos espirituais, partindo
para sua “pátria verdadeira e cantando louvores à Deus”.
Foi
apenas após sua morte que seus pais compreenderam a coragem e a
generosidade de seu filho, pois o nome de Pedro Jorge Frassati
atravessou rapidamente através das comunidades pobres e milhares de
pessoas se reuniram no seu funeral para dar seu último adeus para
este simples homem que sempre deu uma mão a elas quando mais
precisaram e, acima de tudo, as deu também, esperança.
Em
1990, milhares de jovens de todas as partes do mundo se reuniram na
Praça de São Pedro para ver a cerimônia de beatificação deste
homem exemplar, o qual foi chamado de Homem
das Bem-Aventuranças pelo
papa João Paulo II:
“Ele
deixou este mundo muito jovem, mas fez uma marca em todo o nosso
século, e não apenas em nosso século. Ele deixou este mundo, mas
no poder da Páscoa de seu Batismo, ele pode dizer a todos,
especialmente às gerações jovens de hoje e amanhã: ‘Você me
verá, porque eu vivo e você viverá’ (Jo14,19).Estas palavras
foram ditas por Jesus Cristo quando ele deixou seus Apóstolos antes
de passar por sua Paixão. Gosto de pensar nelas como se estivessem
se formando nos lábios de nosso próprio novo Abençoado como um
convite persuasivo para viver de Cristo e em Cristo. Este convite
ainda é válido, é válido hoje também, especialmente para os
jovens de hoje, válido para todos. É um convite válido que Pedro
Jorge Frassati nos deixou.2
Oração
ao Beato Pedro Jorge Frassati – I
Ó Pai, Tu deste ao jovem Pedro Jorge Frassati a jóia de encontrar Cristo e de viver a sua Fé com coerência ao serviço dos pobres e doentes. Pela sua intercessão, concede-nos também a nós sermos como ele puros, santos e de beatitude evangélica e imitar a sua generosidade para difundir na sociedade o Espírito do Evangelho. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.
Oração
ao Beato Pedro Jorge Frassati - II
Ó
Deus misericordioso, que entre as insídias do mundo, com a vossa
graça, vos dignastes conservar o Beato Pedro Jorge Frassati, puro de
coração e ardente em caridade, ouvi, nós vos suplicamos, as nossas
preces e, se estiver nos vossos desígnios, que ele seja glorificado
pela igreja, mostrai a vossa vontade concedendo-nos a graça que vos
pedimos ( ... ) por sua intercessão, pelos méritos de Nosso Senhor
Jesus Cristo, Amém !
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1-
A Milícia Voluntária para a Segurança Nacional foi um
grupo paramilitar da Itália fascista que posteriormente foi uma
organização militar. Devido a cor de seu uniforme, seus membros
ficaram conhecidos como camisas negras (em italiano: Camicie nere).
Sua atividade está enquadrada a partir do período entre-guerras
até o fim da Segunda Guerra Mundial. Os camisas negras foram
organizados por Benito Mussolini como uma violenta ferramenta
militar do seu movimento político. Os fundadores foram intelectuais
nacionalistas, ex-oficiais militares, membros especiais dos Arditi e
jovens latifundiários que se opunham aos sindicatos de
trabalhadores e camponeses do meio rural. Seus métodos tornaram-se
cada vez mais violentos a medida que o poder de Mussolini aumentava
e usaram da violência, intimidação e assassinatos contra
opositores políticos e sociais. Entre seus componentes, muito
heterogêneo, incluíam os criminosos e oportunistas em busca da
fortuna fácil.