Aonde se buscam os novos Congregados ?
Alexandre
Martins, cm.
Após
a década de 1980, as Congregações Marianas brasileiras sofreram
uma abrupta queda de quantidade de membros e os sacerdotes, em sua
imensa maioria, deixaram de se importar com essas centenárias
associações. A alguns
padres era algo
mesmo incômodo: associações que, a seu ver, seriam inadequadas a
uma Igreja moderna, atuante e "libertadora".
Muitos
desses sacerdotes eram formados pela então poderosa Teologia da
Libertação, com seu ícone Leonardo Boff, então frade franciscano,
que era incensado por quase a totalidade dos pensadores
contemporâneos, mídia e até bispos brasileiros. Sua condenação
pela Congregação para a Doutrina da Fé, à época presidida pelo
então Cardeal Ratzinger, foi um duro golpe em toda uma organização
marxista dentro da Igreja Católica latino-americana.
Mas
a Confederação brasileira das Congregações Marianas não
demonstrava estar preocupada com o destino das Congregações do
Brasil e limitava-se a promover a “Romaria do Terço” criada em
1973 por ela mesma. A revista “Estrela do Mar” tinha cada vez
menos força e cada vez menos assinantes. Os diretores nacionais, bem
como os da maioria das CCMM viam esse desinteresse eclesial e laical
como “sinal dos tempos”, isto é, que as CCMM tinham “passado
de moda”.
Mas,
assim como os padres que viram a Companhia de Jesus ser fechada pela
Santa Sé e esperavam que a Igreja mudaria sua decisão – o que
aconteceu anos mais tarde – haviam congregados marianos que
continuaram a manter as suas Congregações ativas, mesmo com um
número pífio de membros. Congregações que contavam com 80 ou
mesmo 100 Congregados estavam agora com 6 ou 7 idosos...
Em
algumas Congregações Marianas, Congregados dotados de ardor
missionário - como os verdadeiros Congregados são - procuravam na
juventude católica dos anos 1980 os vocacionados para serem a “elite
da Igreja”. Buscavam nos grupos jovens, nos “Encontros de Jovens
com Cristo” e em outros grupos e movimentos da época.
Os
jovens da época estavam distantes do ideal de “aspirante” a uma
Congregação: mesmo os jovens que assumiam a chefia de grupos eram
mal preparados na Catequese e na piedade cristã. As Missas chamadas
“para jovens” eram de uma infantilidade impressionante. E ainda
não havia os chamados “ministérios de música” e nem a
popularidade da Canção Nova que dominariam o cenário litúrgico
nas décadas seguintes, mas a sua semente já havia sido lançada.
Era cansativo e desgastante ver o quanto Congregados buscavam jovens
nesses meios e o quanto havia de desistência e mesmo de repúdio à
uma associação que não usava camisetas coloridas.
Nesse
quadro desanimador, o que foi feito?
Um
verdadeiro Congregado não “malha em ferro frio”. Mas também não
desiste de uma boa iniciativa.
Uma
das iniciativas foi de chamar jovens para recitações do Pequeno
Ofício da Imaculada em sedes de Congregação. A partir daí, o
convívio com os Congregados foi ocorrendo através de diversões
dentro da sede, passeios, esporte. Em pouco tempo, os jovens seriam
aspirantes e tomariam a formação espiritual da Congregação como
parte de suas vidas. Importante frisar isto: foi o apreço pela
oração que chamou aqueles jovens e não o esporte. Portanto,
somente ficaram aqueles que tinham um ideal espiritual e não somente
o de diversão. Congregações que optaram por primeiro chamar para
um “jogo de ping-pong” obtiveram depois de meses o abandono...
Outra
iniciativa foi ressuscitar as antigas Seções de Menores, os
chamados “marianinhos”. Alguns Congregados se dispunham a
realizar reuniões especiais com crianças que haviam acabado de
receber sua Primeira Comunhão. Por vezes o recrutamento era feito
ainda na Catequese. O resultado foi, a nosso ver, dos melhores: a
grande maioria continuou pelos anos seguintes na Congregação
Mariana e são melhores Congregados.
Contudo,
algumas iniciativas foram desastrosas.
O
recrutamento feito nos chamados “Grupos Jovens” deu quase ou
nenhum resultado. Isso porque o jovem católico que está nestes
grupos feitos segundo o método do “ver-julgar-agir”1
e que usa do chamado “oratório festivo”2
para suas reuniões e atividades não possui vocação para uma
Congregação Mariana. Caso contrário, ele mesmo não estaria em um
grupo daqueles...
O
anúncio em “encontros de jovens” foram palavras ao vento: os
jovens que participavam dessas atividades estavam apenas querendo
diversão sadia e novas amizades. Mesmo “encontros” do tipo
criados e conduzidos por Congregações Marianas deram pouco ou
nenhum resultado, pois a mentalidade da época dizia que o Encontro
era apenas momentâneo e não deveria suscitar futuras
responsabilidades.
Percebemos
que muitas dessas iniciativas continuaram pelas décadas seguintes,
não? Pois bem, os equívocos ainda existem, pois há muitos que
continuaram o pensamento de décadas atrás ainda nos dias de hoje:
há jovens da época que agora são de meia-idade ou mesmo idosos e
ainda pensam uma realidade antiga e sem respaldo atual ainda sendo
coordenadores desses movimentos; há jovens que foram educados por
aqueles jovens (alguns que são filhos) e que tem um pensamento
“geração 80”; sacerdotes idosos que são saudosistas das
“missas de jovens” com violão e muitos casais de jovens usando
calça jeans, etc.
Vemos
que o que perseverou – e o que sempre persevera – são as
atitudes clássicas, isto é, aquelas que foram usadas pelos séculos
e que sempre deram bons resultados, pois se dirigem ao coração do
Homem e não às modas do século. Isto é a característica das
verdadeiras Congregações Marianas. Afinal, desde o século XVI
foram os Congregados criadores ou incentivadores de iniciativas que
deram resultados positivos para o bem da Igreja e da Sociedade. Essas
práticas foram anotadas nas Atas das Congregações e repetidas com
sucesso pelos anos seguintes.
A
Sagrada Escritura nos avisa que “nada há de novo embaixo do Sol”
(Ecl 1,9) isto é, existem atitudes humanas que sempre existirão, no
século X ou XXI. As iniciativas clássicas existem para atender
essas necessidades de sempre: santidade, apostolado, vida cristã
coerente, preocupação com a formação da família, bom exercício
do trabalho cotidiano, formação intelectual...
O
que difere uma Congregação Mariana do século XXI de uma do século
XVI é apenas a forma com que realiza suas atividades clássicas:
hoje em dia os jovens em sua maioria preferem receber os boletins da
Congregação pelo Twitter do que em xerografia, por exemplo. Mas nos
anos 1980 adorávamos os boletins de nossa Congregação
confeccionados na tinta azul cheirosa de um mimeógrafo a álcool...
Há
locais aonde podemos encontrar novos Congregados e que, por incrível
que pareça, estão esperando alguém que lhes mostre as Congregações
Marianas: busquemos os novos Congregados em locais aonde estão os
que não se adaptam com os grupos e pastorais existentes.
Há
também os que estão trabalhando como acólitos mas querem algo que
os sustente espiritualmente.
Existem
os que procuram o estudo da Doutrina cristã mas não sabem como
fazer obras de apostolado com o que aprendem pois sabem que sozinhos
nada podem.
Outros
participam assiduamente da Santa Missa, até mesmo diária, mas não
veem nas associações existentes alguma que os toque interiormente,
que os ampare para toda a vida.
Estes
são alguns exemplos. Existem vários outros.
Há
edifícios que são construídos com uma pequena sala que é a
sequência da porta de entrada. É um local aonde se deixam os
casacos, bolsas, aonde se esquenta do frio de fora ou aonde se tiram
as roupas molhadas da chuva. Bem aprontados, então podemos entrar na
sala principal da residência aonde o anfitrião nos espera. No
Brasil, em geral usamos de uma varanda para isso. Nunca se entra numa
casa importante diretamente da rua. Se a Virgem Maria é a Porta do
Céu, as Congregações Marianas são a ante-sala para esta Porta que
nos levará à Bem-aventurança. Coloquemos o maior número possível
de bons cristãos nessa sala.
Santa
Maria, Janus Coeli, rogai por nós.
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1-
O Papa João XXII reconheceu
formalmente o método ver-julgar-agir em sua encíclica Mater et
Magistra publicada no dia 15 de maio de 1961. O cardeal Joseph
Cardijn, fundador do movimento da Juventude Operária Cristã (JOC)
sugeriu ao Papa João que publicasse uma encíclica para marcar o
70º aniversário da histórica encíclica Rerum Novarum do Papa
Leão XIII. Em resposta, o Papa João pediu que Cardijn
providenciasse um esboço das questões a serem abordadas na
encíclica. Ele fez isso em um memorando de 20 páginas apresentado
ao pontífice. Quando a Mater et Magistra apareceu pouco mais de um
ano depois, a encíclica observava que, "para levar a
realizações concretas os princípios e as diretrizes sociais,
passa-se ordinariamente por três fases" (n. 235). Primeiro, o
"estudo da situação" concreta, escreveu João XXIII. Em
segundo lugar, a "apreciação da mesma à luz desses
princípios e diretrizes". Em terceiro, o "exame e
determinação do que se pode e deve fazer para aplicar os
princípios e as diretrizes à prática". Esses "são os
três momentos que habitualmente se exprimem com as palavras
seguintes: 'ver, julgar e agir'", continuava a encíclica.
Ficou conhecido e popularizado pela Igreja na América Latina,
principalmente nos anos 1950 pela Conferência dos Bispos na América
Latina e Caribe e entre as pastorais populares. Hoje é o método
mais utilizado pela CNBB para os seus trabalhos pastorais.
2-
método criado por s. João
Bosco (1815-1888), fundador dos Padres Salesianos, para criar grupos
de jovens que, através de atividades lúdicas, pudessem ter
rudimentos de Doutrina Cristã e aprenderem uma vida honesta.
Comentários
passei para uma rápida visita
quando puder, apareça.ficarei muito feliz
crisma2012matao.blogspot.com.br
que Deus te proteja sempre