As Conexões de Salvação
Alexandre Martins, cm.
Nem
todos gostam de nós. Talvez por inveja, rancor, ou mesmo por falta
de empatia, um “não vou com a cara dele, não sei o porquê”.
Vemos
que aquela pessoa tem vários amigos, e alguns são amigos nossos e
também dela, mas nós, especialmente, não conseguimos gostar dela.
O tom de sua voz, seu perfume, algo, enfim nela não nos agrada.
A
outros, entretanto, podemos ficar horas conversando, convivendo, e
não nos enjoamos. São os que escolhemos como nossos amigos.
Pois
bem, o mandato missionário1
- “ide por todo o Mundo”(Mc 16,15) - fica difícil de ser
executado nas pessoas das quais não gostamos. E mais ainda das que,
por algum motivo, não gostam de nós. Ao contrário, com nossos
amigos e os que nos admiram, fica extremamente fácil o diálogo.
Conversas espirituais são tratadas com amável paciência e dúvidas
são sanadas com cordialidade.
As
relações humanas são movidas por simpatias. Por mais que sigamos a
orientação do Apóstolo, nem sempre podemos ser agradáveis a
todos, não por falta de ação caridosa de nossa parte, mas por
falta de empatia entre eles e nós.
Então,
como fica? Como evangelizar os povos2
se nem todos se prestam a ao menos nos escutar?
A
resposta é simples: levando o Evangelho aos que estão ao nosso
lado. Serão eles, por sua vez, que levarão o mesmo Evangelho aos
outros que não conseguimos.
Embora
seja verdade3
que “um profeta não profetiza em sua própria casa”, a vida
correta demonstra aos nossos familiares algo de positivo na religião.
Como dizia4
s. Francisco de Assis, “evangelizemos sempre, e de vez em quando,
usemos de palavras para isso”. “Todos os fiéis cristãos,
onde quer que vivam, têm obrigação de manifestar, pelo exemplo da
vida e pelo testemunho da palavra, o homem novo de que se revestiram
pelo Batismo, e a virtude do Espírito Santo por quem na Confirmação
foram robustecidos, de tal modo que os demais homens, ao verem as
suas boas obras, glorifiquem o Pai e compreendam, mais plenamente o
sentido genuíno da vida humana e o vínculo universal da comunidade
humana.”5
Nos
preocupemos com aqueles que Deus colocou em nossas vidas –
familiares, amigos, colegas de trabalho ou estudo, vizinhos, etc –
e levemos a eles a Boa Nova da Salvação. Iniciaremos assim as
conexões de bondade que evangelizará um grande número de pessoas.
Se levamos o Evangelho a um amigo e, por sua vez, esse amigo a outro
amigo que não conhecemos, será o que lemos no Evangelho dos frutos
multiplicados. Essa foi a intenção do Sagrado Concílio em afirmar
que todos somos missionários.
“Como
o próprio Cristo perscrutou o coração dos homens e por meio da sua
conversação verdadeiramente humana os conduziu à luz divina, assim
os seus discípulos, profundamente imbuídos do Espírito de Cristo,
tomem conhecimento dos homens no meio dos quais vivem, e conversem
com eles, para que, através dum diálogo sincero e paciente, eles
aprendam as riquezas que Deus liberalmente outorgou aos povos; mas
esforcem-se também por iluminar estas riquezas com a luz evangélica,
por libertá-las e restituí-las ao domínio de Deus Salvador.”6
“Os
leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e
ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela
pode ser o sal da terra (papa Pio XI, Encícl. Quadragesimo
anno, 15/5/1931). Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos
dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e
instrumento vivo da missão da própria Igreja, “segundo a medida
concedida por Cristo” (Ef. 4,7). 7
Que
a Virgem Maria, Estrela da Evangelização, nos ensine a sermos mais
destemidos.
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1-
e também “ide, pois, ensinai todas as gentes, batizai-as em nome
do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinai-as a observar tudo
aquilo que vos mandei. Eis que estou convosco todos os dias até à
consumação dos séculos” (Mt. 28, 19-20)
2-
“a todo o discípulo de Cristo incumba a obrigação de difundir a
fé conforme as suas possibilidades” - Concílio Vaticano II,
Constituição Dogmática “Lumen
Gentium” sobre a Igreja, §48.
3-
“Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria” (Lc 4,24)
4-
conf.
http://www.paroquiasaomaximiliano.com.br/ensinamentos/ensinamento139.html
5-
Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes” sobre a atividade
missionária da Igreja, §11.
6-
Concílio Vaticano II, Decreto “Ad Gentes” sobre a atividade
missionária da Igreja, §11.
7-
Concílio Vaticano II, Constituição Dogmática “Lumen
Gentium” sobre a Igreja, §112