O Beato Narciso
Alexandre Martins,
cm.
Narciso
Basté Basté nasceu em San Andrés de Palomar, Barcelona, Espanha,
aos 16 de dezembro de 1866. É o núcleo mais antigo do distrito de
Sant Andreu de Barcelona, município independente com registros do
ano de 992 d.C., anexado a Barcelona em 1897. Na paróquia
do Sagrado Coração de Jesus, ingressou na Congregação
Mariana da Imaculada Conceição e São Luiz Gonzaga. Nela, conhece a
Espiritualidade Inaciana, que o deixou impressionado.
Foi
aluno do curso de Direito da Universidade de Barcelona, onde se
formou em 1890. Neste mesmo ano, com 24 anos, ingressa na Companhia
de Jesus. Em 1899, é ordenado sacerdote e realiza sua profissão
perpétua em 1901.
Foi
destinado por seus superiores à Casa Professa de Valência, onde
residiu de outubro de 1901 até a dissolução da Companhia na
Espanha, em janeiro de 1932. Foi o diretor espiritual da Congregação
Mariana de Nossa Senhora dos Anjos e São Luiz Gonzaga, do Patronato
de Menores de Valência, a mais numerosa Congregação Mariana da
cidade.
Com
dedicação e afinco, desempenhou seu ministério e esteve à frente
da Direção do Patronato da Juventude Operária, que fazia grande
bem entre os garotos trabalhadores da capital. Foi o pioneiro da
intervenção sócio-educativa, e por iniciativa sua foram feitas as
primeiras colônias escolares em Valência (1906) a Casa dos
Operários (1908) e a fundação do time de futebol Ginástico
Patronato (1909) além de Academias, autos de Natal, saraus
literários, excursões, aulas ao ar livre, etc.
Escreveu
quatro livros: “Patronato de jovens operários” (1924) “Vida e
Milagres da Santíssima Virgem de Puig” (1929) “Catecismo de
Apologética” (1935) e “A Verdadeira Religião” (1935).
O
decreto de dissolução da Companhia de Jesus em 24 de janeiro de
1932 o tirou do Patronato e lhe forçou a se refugiar em casas de
amigos, sobretudo durante a perseguição religiosas da Guerra Civil
em Valença. Foi detido várias vezes, mas o salvaram seus amigos
alunos do Patronato, pedindo por sua libertação. “Sou advogado e
sacerdote jesuíta”, reclamava.
Finalmente,
preso pela quinta vez, em poucas horas era fuzilado. Morreu em 15 de
outubro de 1936, assassinado pelas milícias no Picadeiro de Paterna.
O
Santo Padre, São João Paulo II, em sua homilia de beatificação
dos mártires valencianos nos explica a transfiguração em Cristo:
"O
Senhor Jesus Cristo... transformará o nosso corpo miserável,
tornando-o conforme ao Seu corpo glorioso" (Fl 3, 21).
Estas palavras de São Paulo que acabamos de escutar na segunda
leitura da liturgia de hoje, recordam-nos que a nossa pátria
verdadeira está no céu e que Jesus transfigurará o nosso corpo
mortal num corpo glorioso como o Seu. (…) como são transfigurados
os homens e as mulheres? A resposta é sublime: são os que seguem
Cristo na sua vida e na sua morte, que se inspiram n'Ele e se deixam
inundar pela graça que Ele nos dá; são aqueles, cujo alimento é
cumprir a vontade do Pai; os que se deixam guiar pelo Espírito; os
que nada antepõem ao Reino de Cristo; os que amam o próximo até
derramar por ele o seu sangue; os que estão dispostos a oferecer
tudo sem nada exigir em troca; os que em poucas palavras vivem amando
e morrem perdoando. Assim viveram e morreram José Aparício Sanz e
os seus duzentos e trinta e dois companheiros, assassinados durante a
terrível perseguição religiosa que atormentou a Espanha nos anos
trinta do século passado. Eram homens e mulheres de todas as idades
e condições: sacerdotes diocesanos, religiosos, religiosas, pais e
mães de família, e jovens leigos. Foram assassinados porque eram
cristãos, devido à sua fé em Cristo, por serem membros ativos da
Igreja. Todos eles, segundo o que consta dos processos canônicos
para a sua declaração como mártires, antes de morrer perdoaram
sinceramente os seus algozes.”1
Uma
tese de doutorado2
foi feita na Universidade Católica de Valência3
sobre a pedagogia da religião no Padre Basté. A tese de Carlos
Martinez Herrer apresenta a “pedagogia da religião” como
“síntese de religiosidade e cultura” promovida pelo mártir
Narciso no contexto da primeira metade do século XX no Patronato de
Valência.
O
beato Narciso Bastié foi um sacerdote jesuíta que foi bem conhecido
por milhares de jovens que estiveram perto dele no Patronato da
Juventude Operária antes da Guerra Civil Espanhola. Somente alguns
idosos se lembravam dele até que São João Paulo II o elevou aos
altares no processo de beatificação dos mártires valencianos do
século XX, em 11 de março de 2001.
Como
dizia o doutor Herrer, “o padre Bastié não necessitava do
martírio para ser beatificado, pois já em vida tinha a fama de
santidade”.
As
Congregações Marianas, além de santos da vida cotidiana, também
oferece à Igreja os mártires da Fé!
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1-
Homilia do Papa João Paulo II na Beatificação de José Aparício
Sanz e 232 Companheiros mártires na Espanha. 11 de Março de 2001.
2-
“La pedagogía del Padre Basté S.I. - La Congregación Mariana
del P.J.O. en el primer tercio del siglo XX”. Tese de Carlos
Martínez Herrer lida em 2011 na Universidade Católica de Valência.
3-
disponível em https://www.ucv.es/ e também
http://www.archivalencia.org. Acesso
em 5/7/14