A Proteção
Alexandre Martins, cm
Uma associação religiosa tem como uma de suas funções ser uma
espécie de “para-sol” com seus membros.
Temos
um verão forte nos trópicos e o sol é por vezes escaldante e
ocasiona vários problemas à pele exposta, na mudança de pressão
do corpo, luz excessivamente forte, etc. Vários são os conselhos de
especialistas para evitarmos os horários onde os raios solares sejam
mais fortes e, sempre usarmos proteção, como chapéus, guarda-sóis,
sombrinhas e outros. As crianças pequenas, por sua pele frágil, são
as que mais são afetadas e é comum ver uma mãe com seu bebê ao
colo segurando uma sombrinha.
Somos
crianças na Fé. E temos uma “pele espiritual” delicada, que
pode fazer com que o calor das paixões nos afete e nos faça adoecer
e sofrer.
Assim
como as mães usam de um instrumento para proteger seus filhos
pequenos, nossa Mãe do Céu indica as suas Congregações como um
instrumento de proteção dos raios das paixões aos seus filhos
queridos.
É
em uma associação religiosa que nos abrigamos do Sol da Justiça,
que é Deus Pai, o qual deseja ser justo com nossos pecados. Nas
Congregações Marianas temos esta guarda-sol que impede que sejamos
atingidos pela Lei Divina. Não se trata de abusar da Misericórdia
de Deus, como e, por estarmos protegidos no regaço da associação
dos filhos de Maria, a sucessão de nossos crimes ficasse sem punição
mas seria como a parábola da videira, que ilustra a amorosa
paciência de Deus conosco, sedo a Congregação Mariana aquele
jardim aonde o Divino Agricultor irá nos adubar com seu Sangue e
aparar nossas más raízes para que possamos dar bons frutos.
As
Congregações Marianas tornam-se, assim, aquela terra de Refúgio
que nos lembra a Sagrada Escritura, quando se refere à Virgem:
“Um
dos títulos com que a santa Igreja nos manda recorrer a Maria, e que
mais anima os pobres pecadores, é o titulo de Refúgio dos
pecadores. Antigamente havia na Judéia umas cidades de refúgio,
aonde iam parar os delinqüentes para ficarem livres do castigo que
mereciam. Agora não há tantas cidades de refúgio como então, mas
há uma só, que é Maria, da qual está escrito: Gloriosa
dicta sunt de te, civitas Dei — “Coisas gloriosas se
têm dito de ti, ó cidade de Deus”(Sl 86,3). Há, porém, uma
diferença. Nas cidades antigas não havia refúgio para todos os
delinqüentes, nem para toda a espécie de delitos; mas, debaixo do
manto de Maria todos os pecadores acham refúgio; seja qual for o
delito que hajam cometido: basta que a ela recorram para se
refugiarem. Pelo que São João Damasceno a faz dizer: “Eu sou a
cidade de refúgio para todos aqueles que vêm a mim.” O
Bem-aventurado Alberto Magno aplica à Virgem Maria estas palavras de
Jeremias: Ajuntai-vos, e entremos na cidade fortificada.(Jr 8, 14)”1
E
Santo Afonso é mais explícito ainda: “estas
Congregações são tantas arcas que os leigos encontrar abrigo
contra a avalanche de tentações e pecados que enchem o mundo.”2
Quão
bendita são as associações de fiéis católicos que tão bem fazem
às almas! Quão necessárias aos filhos de Maria as Congregações
Marianas que os preservam da cólera dos Céus e os preparam para a
colheita dos frutos da Salvação!
Santa
Maria, cidade de Refúgio, rogai por nós!
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1-
S. Afonso de Ligório, “Meditações: Para todos os Dias e Festas
do Ano: Tomo Segundo: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima
Semana depois de Pentecostes inclusive”. Friburgo: Herder &
Cia, 1921, p. 301-303.)
2-
S. Afonso de Ligório, “Glorias de Maria”, página 230