O tempo de formação
Alexandre Martins, cm.
Não
há, em nenhum lugar, a determinação do tempo necessário para a
admissão do Congregado. Este tempo é algo subjetivo. Nas antigas
Regras não há um período de tempo determinado, mas há a
admoestação de que não seja demasiado breve.
As
Confrarias admitiam (e ainda admitem) os seus membros quase
imediatamente. As irmandades também, pois a escolha dos seus membros
era por indicação prévia de algum membro atual.
Com
as Congregações Marianas surge uma forma diferente de admissão: é
uma seleção pra uma elite.
A
referencia das clássicas Congregações Marianas - isto é, as
anteriores à Supressão da Companhia de Jesus - são as Congregações
Marianas dos Colégios da Companhia, em especial o Colégio Romano.
Embora existissem muitos alunos na instituição, não eram todos os
admitidos à Congregação Mariana. Sempre houve uma seleção.
Se
podemos falar de “período de prova”, este tempo seria esse: os
estágios anteriores à Consagração Perpétua na Congregação
Mariana.
No
Brasil, em especial após o Sagrado Concílio, surgiu uma especie de
“mentalidade de formação espiritual” e, em alguns lugares, ate
mesmo formação humana. Eram movimentos que surgiram onde as
Congregações Marianas haviam perdido as sua atividade, seu animo
original e estavam nas mãos de leigos somente, sem a saudável
ingerência de sacerdotes piedosos. Com uma certa atitude lasciva no
laicato católico, foi desenvolvendo-se em muitos diretores leigos a
mentalidade de formação espiritual e humana dos novos Congregados.
Para isso, as Reuniões da Congregação foram divididas em Reuniões
Gerais e Reuniões de Formação. Estas, dirigidas quase
exclusivamente aos aspirantes e candidatos. Em algumas Congregações
Marianas havia até mesmo reuniões em separado para aspirantes e
outra para candidatos, a ideia de uma “escola” separada em
turmas, como se fossem as series pedagógicas comuns ao ensino formal
era clara. Isso foi uma atitude que surgiu a partir dos anos 1980 em
algumas Congregações Marianas brasileiras, em especial no Sudeste.
Não é de se espantar que, após a conclusão deste “curso”, por
assim dizer, houvesse um tipo de “diplomação” do Congregado,
que entendia que havia conseguido sua “medalha de mérito”. Uma
deturpação de uma bela tradição congregacional.
Infelizmente,
em algumas Congregações Marianas esse pensamente persiste,
ocasionando que seus Congregados vejam o ingresso como o final de um
período de formação catequética.
Esse
pensamento é tao nocivo que muitos Instrutores se preocupam em criar
extensos planos de instrução, contendo noções de doutrina,
espiritualidade mariana e ate mesmo teologia! Assemelham-se aos
formadores de sacerdotes em seminários ou casas religiosas.
Poderíamos
elencar aqui o mal que essa mentalidade proporciona a toda a
Congregação Mariana, mas seria muito extenso. Basta sabermos isto:
essa mentalidade não faz parte da tradição das Congregações
Marianas.
E
como seria a “formação” de Congregados? Em primeiro lugar, a
formação espiritual de qualquer cristão ocorre em toda a sua sua
vida. Os escritores espirituais dão variados exemplos disso.
Segundo, os estágios anteriores à Consagração foram criados para
que tanto a pessoa quanto a Congregação Mariana possam avaliar a
consciência que o futuro Congregado desenvolve de seus compromisso
coma a Virgem Maria. Não é um período de catequese somente mas um
período de amadurecimento de um proposito pessoal.
Terceiro,
o tempo total para Consagração é algo bem mais curto do que se
pode pensar. A experiencia nos diz que dezoito meses são suficientes
para todo o processo de Aspirante a Congregado. Há exceções,
claro, como em toda a regra, mas em geral, é um período de tempo
adequado pois demonstra à Congregação Mariana da reta intenção
do futuro Congregado. Desnecessário dizer que, se em um ano e meio
participando da Congregação Mariana não aumentar cada vez mais a
piedade e apostolado pessoal da pessoa então isso não ocorrera tao
facilmente no futuro.
Esse
período serve também para convencerá própria pessoa se este é o
seu lugar, se esta é a forma de devoção mariana que melhor se
ajusta à sua personalidade. Um “fogo de palha” não dura tantos
meses.
Esse
tempo serve também para perseverar o frescor de um amor piedoso às
coisas de Deus e não sufocá-lo com aquele excessivo apega às regra
e à burocracia, como nos tem advertido o Santo Padre.
Sejamos
simples nas coisas de Deus e sigamos a simplicidade das clássicas
Congregações Marianas. Sua historia gloriosa de 4 seculos nos
mostram o caminho para um futuro apostolado de almas e a
transformação dos corações.
Santa
Maria, rogai por nós!
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