A manutenção do amor - a perseverança do Congregado
Alexandre Martins, cm.
A
vida muda e, por vezes, o amor se adapta a essas mudanças, se é
amor verdadeiro. Não somos hoje o que éramos e não seremos amanhã
o que somos hoje. O amor verdadeiro compreende isso e procura se
adaptar. O amor não muda em sua essência, mas se manifesta
diferentemente.
A
vida das pessoas muda com o passar dos anos: a idade, diploma,
trabalho, casamento, filhos... São várias as fases ou
circunstâncias que fazem com que nós tenhamos atitudes e
compromissos que não tínhamos antes.
As
Congregações Marianas foram criadas para serem uma constante em
nossas vidas.
As
clássicas Congregações Marianas eram criadas para classes de
pessoas – estudantes, operários, advogados, etc – significando
que em todas as etapas da vida de uma pessoa havia uma Congregação
Mariana especial para ela. Com a popularização das Congregações
Marianas no Brasil do inicio do século XX, essa divisão por classes
sociais caiu no esquecimento, ficando no máximo uma divisão entre
“jovens” e “adultos”. Entretanto, a ideia inicial de
constância permanecia: o Congregado não iria se afastar da
Congregação Mariana a não ser por sua própria desistência.
Quando
o amor sincero nasce em nosso coração, ele tende a crescer e se
adaptar como uma árvore que busca água com suas raízes De igual
modo, o amor à Virgem Maria que nasceu no coração do devoto e
cresceu a ponto de proferir sua Consagração a ela na Congregação
Mariana não diminui, sendo um amor sincero, mas procura adaptar-se
com o passar do tempo.
Há
muitos que abandonam as Congregações Marianas quando se casam por
acreditarem que o seu tempo nelas já passou. Isso é o que nos
referimos a um amor pequeno, de ocasião, e não um amor profundo.
Pois o amor às Congregações de Maria, como forma peculiar de amor
à Obra da Mãe de Deus, se for sincero e desinteressado, não
deixará alguém se afastar das Congregações, mas procurar uma
forma de conciliar a vida comum com a vida associativa.
Não
se trata de querer se manter em um tipo de associação que possa
parecer um clube para que a vaidade nos coloque à parte dos demais,
mas sim a constatação pessoal de que é a vida na Congregação
Mariana que irá fazer com que nossa vida ordinária seja frutuosa e
até mesmo extraordinária.
A
Diretoria da Congregação Mariana deve se aperceber das mudanças
que naturalmente ocorrem na vida de cada Congregado. Para manter a
perseverança dos membros deve procurar formas que possam permitir
que cada um dos membros tenha sua parcela de participação na
atividade da Congregação Mariana. É triste ver que algumas
Congregações perdem a participação dos jovens quando estes se
tornam universitários por não adaptarem ou mesmo criarem atividades
novas para eles. O mesmo acontece com pessoas recém-casadas: há
Congregações Marianas que parecem dirigidas somente aos solteiros
jovens...
Se
as clássicas Congregações Marianas resolviam esses problemas com a
fundação de grupos especializados, bastando a um Congregado
transferir-se de Congregação, quando mudasse o seu estilo de vida,
nas Congregações Marianas paroquiais, a criação de grupos
internos especializados parece ser um tabu.
Nossa
experiência nos diz que há realmente somente duas atitudes a serem
tomadas para que Congregados que mudam de estado de vida não
abandonem a Congregação Mariana paroquial: ou as atividades são
realizadas e pensadas a poderem atender a todos ou se fomente a
criação de grupos (ou seções) internas para as classes de pessoas
que surgirem.
Quando
nos referimos a atividades que possam servir a todos não quer dizer
que os atos oficiais da Congregação Mariana sejam algo raso, no
qual qualquer pessoa, culta ou não, possa participar. O que queremos
ilustrar é que uma programação mensal de atividades pode conter
ações ou reuniões às quais somente alguns sejam participantes e
não todos. É uma forma de atender a cada Congregado de acordo com
suas necessidades.
Com
ações como essas, aliadas a uma devoção sincera da parte do
Congregado, haverá a manutenção daquele amor verdadeiro que se
adapte às mudanças da vida.
A
presença permanente do Congregado na vida da Congregação Mariana
trará tanto a ele próprio quanto à associação benefícios
imensos e incontáveis. Mesmo que a presença de um Congregado, que
quando jovem era semanal e quase diária e depois de casado quase é
somente mensal, seja diminuitiva por fatores alheios a sua vontade, a
perseverança e a ligação ininterrupta com a Congregação o fará
se manter firme perante as tempestades da vida.
Que
a Virgem fiel nos ensine a fomentar em nossos corações esse amor
fidelíssimo às Congregações Marianas.
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