Os Padrinhos
Alexandre Martins, cm.
Um
costume nas Congregações Marianas do Brasil surgiu não se sabe
como e nem onde: os que apresentam uma Congregação Mariana para
nós, aqueles que chamamos de “padrinhos”.
Um
padrinho – ou madrinha – é uma escolha afetiva. Não é um cargo
ou uma função. Não é uma forma de apostolado leigo, embora
indicar uma Congregação Mariana para alguém seja, em última
análise, uma obra de misericórdia espiritual.
Não
existe o “padrinho de Congregados” ou “madrinha de
Congregados”. Não há qualquer tipo de menção a isso na história
das Congregações Marianas, mesmo no Brasil. Contudo, é um costume
mariano bem brasileiro.
Um
instrutor de minha primeira Congregação Mariana inventou um gesto
que seria usado na Recepção de Membros no ano seguinte. Na ocasião
da chamada de aspirantes (e outros) pelos Secretário, conforme o
Ritual, o Instrutor (ele) se colocaria de pé na frente do altar e
levaria os chamados dois a dois à frente do sacerdote conduzindo-os
com suas mãos sobre seus ombros. Era uma forma que ele inventou de
mostrar a todos que aqueles chamados eram os seus alunos particulares
e que agora seriam “promovidos” raças ao seu trabalho de
Instrutor. Claro que essa inovação não teve prosseguimento nem na
própria Congregação Mariana, mas cito aqui para que tenhamos um
exemplo ilustrado do que seria a atitude do padrinho: levar pelas
mãos alguém a um bom termo.
O
padrinho é aquele que mostra a Congregação Mariana para alguém, é
o propagandista perante a pessoa que desconhece essa associação.
Pode ser qualquer um, sacerdote ou leigo, homem ou mulher, jovem ou
idoso, Congregado ou não. Minha madrinha de Congregação Mariana
era uma Filha de Maria1
que nem mais participava da Pia União. Foi ela que me indicou a
Congregação Mariana aonde ingressei e anos depois proferi minha
Consagração Perpétua. Embora o exemplo de meu pai, antigo
Congregado mariano carioca e afastado havia anos fosse a base de
tudo, se essa senhora não me indicasse e informasse aonde havia uma
Congregação Mariana perto, eu não seria um Congregado mariano.
Alguém
pode arrogar para si próprio o titulo ou o trabalho de “padrinho
de Congregados”? Não, porque esse titulo é algo carinhoso dado
pelo Congregado àquela pessoa que lhe indicou, que lhe mostrou a
Congregação Mariana.
Um
padrinho de Congregação Mariana pode ser também aquele Congregado
que nos recepcionou amavelmente na Congregação Mariana e ficou como
que um “tutor” nosso, auxiliando na descoberta deste caminho de
santidade passo a passo. É aquele Congregado amigo que nos
espelhamos e que nos ajuda complementando o que aprendemos com o
Instrutor e o Sacerdote. A este também podemos dar o nome de “nosso
padrinho”.
Lembremos
sempre daquela pessoa que nos indicou a Congregação Mariana e,
sempre que pudermos, rezemos uma Ave-Maria por ela, seja viva ou já
falecida.
Diz
a Escritura: “Aqueles que me tornam conhecida terão a vida
eterna.” (Eclo 24,31).
Santa
Maria, rogai por aqueles que a tornam conhecida e amada!
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1-
A Pia União das Filhas de Maria eram grupos de jovens virgens
consagradas à Virgem Maria, uma associação feminina pública de
fiéis que teve seu auge no final do século XIX e início do XX. As
Pias Uniões foram criadas a partir de um pedido pessoal da própria
Virgem Maria em uma de suas aparições no século XIX e teve seu
desenvolvimento a partir da atitude pastoral dos Cônegos Regulares
Lateranenses. Sua coordenação ficava na Igreja de Santa Inês Fora
dos Muros, em Roma, Itália. Ainda existem em poucos lugares do
Mundo.