A devoção mariana do Papa Pio XII
Antonio Gaspari*
(tradução e adaptação
de Alexandre Martins, cm.)
Da
Mariologia do Papa Pio XII, bem como outros temas do pontificado e os
ensinamentos de seu magistério, falamos terça-feira em um congresso
de estudo por ocasião do 70 aniversário da "Summi
pontificatus". O encontro, promovido pelo Comitê Papa
Pacelli e a revista "Cultura & Libri" teve lugar
na Basílica de São Lourenço Extra Muros, em Roma.
O
Professor Stefano De Fiores proferiu uma palestra - "Pio XII e
mariologia" - e diversos especialistas discutiram outros temas,
como a encíclica "Mediator Dei" sobre a Sagrada
Liturgia, Pio XII e a Segunda Guerra Mundial, a Questão dos Judeus,
a Eclesiologia e Bioética neste Papa, e assim por diante. Os textos
completos dos palestrantes serão publicados em uma edição especial
da revista "Cultura & Libri". No final do evento, foi
exibido o filme "Pastor Angelicus" feito em 1942
pela Produzione Cinematografica Católica, de Romolo Marcellini.
Sobre
a Mariologia do Papa Pio XII, padre Stefano De Fiores, da Sociedade
de Maria (Montfortinos) explica que com o pontificado de Pio XII
(1939-1958), a Igreja Católica vive a era de ouro do movimento
mariano pós-tridentino, dedicado a promover o culto de Maria e a
doutrina mariológica.
A
veneração especial pela Mãe de Jesus atinge o máximo impacto na
primeira metade do século XX, a tal ponto que São João XXIII a ela
se referiu como “a Era de Maria”.
A
devoção de Pio XII a Maria era fervorosa e sua mariologia muito
rica. Em 13 de Dezembro de 1894, aos 18 anos de idade, Eugenio
Pacelli ingressou na Congregação Mariana dos jesuítas em Roma.
Cinco anos depois, em 3 de Abril de 1899, ele escolheu para celebrar
sua primeira missa na Capela Borghese de Santa Maria Maior. Ele foi
sagrado bispo no mesmo dia em que a Virgem apareceu aos três
pastorinhos em Fátima (13 de maio de 1917), e confiou a Ela seu
pontificado. O professor De Fiores confirmou que "satisfeito com
a visão da dança do Sol, Pio XII expirou em Castel Gandolfo em 9 de
outubro de 1958 com o rosário na mão."
A
devoção do pontífice também se expressou através de uma série
de eventos oficiais (Roschini lista 400 documentos) que procuram
promover a presença de Maria na vida e no pensamento da Igreja. Os
eventos relevantes do magistério mariano de Pio XII são muito
numerosos. Em primeiro lugar, na famosa encíclica "Mystici
Corporis Chirsti" (de 29 de junho de 1943), o Papa mostra o
lugar da Virgem no Corpo Místico de Cristo, apresentando-a como
"alma socia Christi", isto é, Mãe associada o
Filho em toda a sua obra redentora. Pouco conhecida, mas de grande
importância é a consagração do mundo ao Imaculado Coração de
Maria (em 31 de outubro de 1942), que Pio XII fez a pedido do
episcopado português no 25º aniversário das aparições da Virgem
em Fátima. Durante a guerra, o Papa invocou Maria como "refúgio
da raça humana" e confiou à sua proteção maternal o mundo
inteiro. Pio XII reiterou este ato de confiança na Mãe de Jesus
consagrando a Rússia (em 1952) e Espanha (em 1954). Como continuação
destes gestos, Pio XII estabeleceu na Igreja universal a festa do
Imaculado Coração de Maria (em 4 de Março de 1944). A Pio XII se
deve a promulgação do primeiro Ano Mariano da história, em 1954,
para marcar o centenário da definição do dogma da Imaculada
Conceição. Foi solenemente inaugurado pelo Papa em 8 de Dezembro de
1953, na igreja de Santa Maria Maior e celebrada com fervor religioso
por todas as dioceses do mundo. É famosa a oração composta pelo
próprio Papa: "Dominado pelo brilho de sua beleza celestial
...".
O
Ano mariano, rico em iniciativas espirituais, culturais, sociais e de
caridade, foi solenemente concluído pelo Papa na Basílica de São
Pedro em 1 de novembro de 1954 com a coroação do ícone de Maria
Salus Populi Romani e a instituição da Festa Litúrgica de
Maria Rainha. Esta festa foi justificada teologicamente na encíclica
"Ad Caeli Reginam" (de 11 de outubro de 1954)
demonstrando fundamentos bíblicos e eclesiais para sua legitimidade.
Pio
XII amava a popular oração do rosário, que ele descreveu como "o
compêndio de todo o Evangelho", uma expressão que retomou
Paulo VI, em "Marialis Cultus" (nº 42), mas também
como “uma meditação sobre os mistérios do Senhor”, “sacrifício
da tarde”, “coroa de rosas”, “hino de louvor”, “oração
da família”, “promessa segura de favores celestiais”, “penhor
de salvação” e de “esperança para curar os males que afligem o
nosso tempo”.
O
padre De Fiores disse a agência Zenit que "Pio XII permanecerá
na história da fé católica, sobretudo, pela definição dogmática
da Assunção de Maria em corpo e alma para o céu."
Seguindo
o exemplo de Pio IX para o dogma da Imaculada Conceição, com a
encíclica "Deiparae Virginis" (de 1 de maio de
1946), ele consulta a todos os bispos católicos se eles consideraram
oportuna a definição da Assunção (haviam 8.036.393 assinaturas a
favor). Recebida resposta afirmativa, o Papa, em 1 de Novembro de
1950, na presença e na comunhão com o colégio de cardeais, 700
bispos e com a multidão comum a grandes eventos eclesiais,
pronunciou a fórmula que a define:
"Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas,
e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de
Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial
benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e
triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua
augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a
autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados
apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos,
declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a
imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da
vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial".
Foi
um evento memorável na história da Igreja, que o próprio Pio XII
interpretou com estas palavras: "Como abalado pela batida de
seus corações e comoçãoa de seus lábios, vibram as pedras desta
Basílica patriarcal e junto delas parecem gritar com tremores
arcanos os inúmeros templos antigos, levantadas em todos os lugares
em honra da Assunção".
(*) estudo
do Congresso dos 70 anos da "Summi Pontificatus", ROMA, 27
de outubro de 2009 - Para
obter informações sobre a conferência: www.comitatopapapacelli.org
- Antonio Gaspari, traduzido do original italiano por Patricia
Navas.