Estados Unidos da Virgem Maria

 

 A História da Federação Nacional das Congregações Marianas dos Estados Unidos


Alexandre Martins, cm.


A Federação Nacional de Congregações Marianas dos Estados Unidos foi erigida pelos bispos norte-americanos por ocasião da Conferência Nacional do Bem-Estar Católico (NCWC), em novembro de 1956, em resposta ao desejo expresso de Pio XII.

À época, milhares de Congregações Marianas nos Estados Unidos, canonicamente erigidas e afiliadas à Prima Primaria em Roma, serviam à Igreja sob a supervisão seus ordinários locais, os bispos.

Entretanto, ao aprovar uma federação nacional, a Hierarquia eclesiástica americana desejava fornecer uma estrutura robusta que unificasse cada uma dessas Congregações, que eram singulares e individuais. Além disso, que as representasse a nível nacional ou internacional e que também permitisse sua cooperação no trabalho de outras organizações do laicato católico.

 

As Congregações Marianas nas Américas

A primeira Congregação Mariana no Novo Mundo foi fundada no ano de 1574 no Colegio Máximo na Cidade do México, México.

Em março de 1739, por uma Bula papal, o papa Clemente XII aprovou a Congregação Mariana fundada em 1730 na escola das irmãs Ursulinas1 em Nova Orleans, estado da Louisiana, EUA.

Mas a primeira Congregação Mariana dentro da área geográfica dos Estados Unidos após seu surgimento como uma nova nação, ocorreu na Universidade de Georgetown em Washington, capital. Essa Congregação Mariana, embora afiliada à Prima Primaria em 1833, já tinha sido fundada e funcionava logo após a fundação da mesma faculdade em 1789.

No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, as Congregações Marianas foram amplamente usadas pelos pastores nos Estados Unidos como uma básica organização paroquial para mulheres e meninas apenas. Essas Congregações se desenvolveram durante uma época em que a Igreja enfatizava a Missa de Comunhão Eucarística mensal e a comunhão frequente para os leigos. Embora uma reunião mensal proporcionasse algum desenvolvimento espiritual e apostólico dos membros, muitos dos grupos perderam de vista a natureza e o propósito conforme definido nas Regras Comuns.


As Regras de 1910

Em 1910, quando as Regras Comuns das Congregações Marianas foram revisadas, houve a necessidade de promulgá-las. Em 1913, o Geral da Companhia de Jesus pediu aos jesuítas em vários países que começassem a publicação de revistas de Congregação Mariana para suas nações.

Nos Estados Unidos, a tarefa foi confiada à Província Jesuíta do Missouri. Sob a orientação do pe. Edward F. Garesch,SJ, o periódico “Queen's Work” (Obra da Rainha) foi lançado para encorajar sacerdotes e Congregados a homenagear a Rainha das Congregações Marianas através de sua fidelidade às novas Regras Comuns.

O padre Garesch estava convencido da necessidade de se encontrar com os Congregados pessoalmente e foi realizando reuniões e convenções por todo o país. Em muitas localidades, ele teve sucesso na organização de Uniões diocesanas de Congregações e também pediu aos Bispos para nomearem sacerdotes diretores diocesanos dessas Uniões.


O padre Lord

Em 1925, Daniel A. Lord, SJ, que como um escolástico jesuíta tinha trabalhado com o pe. Garesch, foi designado para sucedê-lo como editor dos periódicos das Congregações Marianas. Por mais de um quarto de século, o padre Lord exerceu uma importante influência no desenvolvimento e promoção da Fé.

Em 1929, organizou o National Parish Sodality Advisory Board (Conselho Consultivo Nacional de Congregações Marianas Paroquiais), composto por leigos Congregados marianos de várias dioceses. Embora este conselho tenha servido como apenas consultor, foi um passo importante em direção a uma unidade nacional das Congregações Marianas dos Estados Unidos, e sua eficácia levou ao estabelecimento de um Conselho Consultivo Nacional para Congregados do Ensino Médio.

Em 1931, em resposta ao apelo oficial à Ação Católica feito por Pio XI, Lord instituiu as Escolas de Verão da Ação Católica (SSCA), originalmente concebidas para líderes que pudessem assumir sua responsabilidade legítima nos programas apostólicos de seus bispos.

De 1913 a 1963, os jesuítas e leigos do Queen's Work - St. Louis, Missouri – promoveram as Congregações Marianas por meio de publicações e em sessões de treinamento nacionais ou locais.

Gradualmente, mais bispos aprovaram o estabelecimento de federações diocesanas de Congregações Marianas e nomearam seus diretores diocesanos.

Em 1939, os diretores diocesanos, com a ajuda dos promotores da Obra da Rainha, começaram a se reunir anualmente. Essas reuniões informais resultaram na formação, em 1956, da Conferência Nacional de Diretores de Congregações Marianas Diocesanas. O pe. Erwin A. Juraschek de San Antonio, Texas, foi eleito seu primeiro presidente.


A Federação dos EUA

Em 2 de julho de 1953, o papa Pio XII estabeleceu juridicamente a Federação Mundial das Congregações Marianas, cujo objetivo geral era assegurar a união das Congregações Marianas de todos os lugares e para uma cooperação mais eficaz no Apostolado Leigo em todo o mundo. Uma das formas para fazer isso foi o estabelecimento de Federações Nacionais de Congregações Marianas.

Estabelecida a Federação Mundial de Congregações Marianas, foi realizado em Roma, em 1954, o primeiro Congresso Mundial de Congregações Marianas.

Em novembro de 1956, em sua reunião anual, os bispos norte-americanos aprovaram a Federação Nacional de Congregações Marianas (National Federation of Sodalities - NFS) e nomearam o Cardeal Joseph Ritter (então Arcebispo de St. Louis) como moderador episcopal e o Bispo D. Leo.C. Byrne (de St. Paul, Minnesota) como moderador episcopal executivo.

A primeira convenção da Federação dos Estados Unidos foi realizada em St. Louis no mês de janeiro de 1957, com a presença de 17 federações diocesanas. Robert Graffy, um empresário de Cleveland, Ohio, foi eleito seu primeiro presidente e sete Congregados formaram o Conselho Executivo, com o padre Erwin A. Juraschek como Diretor nacional.

Em 1959, a NFS foi a anfitriã do II Congresso Mundial das Congregações Marianas, realizado em Newark, New Jersey. Uma Congregada americana de New York, Mary I. Di Fonzo, foi eleita secretária da Federação Mundial. A necessidade de uma unidade mais forte na Federação nacional exigia que ela abrangesse grupos de todos os tipos e classes, bem como todos os diretores e todos os movimentos.

O próximo passo organizacional foi realizado por um comitê de Congregados leigos e diretores sob a liderança do Bispo Byrne. Uma nova constituição foi adotada na quarta convenção bienal realizada em Cleveland, Ohio, em outubro de 1963, que transformou o NFS em um organismo representativo das Congregações Marianas de todas as partes.

Haviam três conselhos dentro da estrutura do NFS: um representativo de todas as CCMM, sejam ou não organizados em federações diocesanas; outro para os representantes dos bispos e diretores diocesanos; e um terceiro representativo de todos os diretores e moderadores, sejam clérigos, religiosos ou leigos.

Na estrutura organizacional do NFS, o presidente do conselho de Congregados leigos era, ex officio, o Presidente da Federação. A maior responsabilidade foi colocada nas mãos dos leigos, que constituiam a maioria do Conselho executivo.

O Conselho de Congregados leigos dentro do NFS refletiu sobre os pontos da Constituição apostólica Bis Saecularii, promulgada pelo papa Pio XII em 1948.

O desafio do apostolado social enfatizado na Bis Saecularii trouxe nova profundidade e vitalidade para as Congregações Marianas de adultos e influenciou o estabelecimento de muitas Congregações para profissionais, como professores, advogados, médicos e empresários. Através da espiritualidade apostólica das Regras Comuns e da Bis Saecularii de Pio XII, o NFS também guiou os leigos ao amadurecimento do pensamento cristão e à missão que seria dada a eles pelo Concílio Vaticano II.


Depois do Concilio

O Concílio Vaticano II provocou mudanças significativas nas Congregações Marianas dos EUA em 1965. Novos “Princípios Gerais” substituíram as Regras Comuns de 1910.

Na Federação Mundial das Congregações Marianas, em Roma, 1970, foi votado mudar o nome das Congregações Marianas para “Comunidades de Vida Cristã” (CVX). Após um período experimental de três anos, o Papa Paulo VI deu a aprovação final aos Princípios Gerais e estatutos da Federação Mundial das Comunidades de Vida Cristã. Os Princípios Gerais são Espirituais, Comunais e Centrados na Missão. O objetivo das Comunidades de Vida Cristã é promover uma espiritualidade mais profunda com a vida cotidiana.

A Federação Mundial de Comunidades de Vida Cristã tem sede em Roma. Seu Escritório nacional dos Estados Unidos está localizado em St. Louis, Missouri. Grupos de CVX existem hoje em estados de costa a costa e, internacionalmente, grupos podem ser encontrados em 64 países. Em Washington, quando o conceito de Comunidades de Vida Cristã foi introduzido no início dos anos 1970, houve muitas reuniões e workshops para explicar sua direção às Congregações Paroquiais e para convidar membros.

 

A Federação de Washington

Por quatro anos, a União das Congregações Marianas da Arquidiocese de Washington manteve os dois nomes e o título. O Conselho Executivo da União das Congregações Marianas votou em 1983 para retirar as Comunidades de Vida Cristã.

Os dois fatores que contribuíram para que cada organização permanecesse como estava foram a falta de apoio dos jesuítas para as CVX da América e a decisão dos membros da União das Congregações Marianas de permanecer “Congregações Marianas”.

As Congregações Marianas paroquiais da Arquidiocese de Washington ficaram livres para se juntar à Federação Nacional das Comunidades de Vida Cristã, se desejarem.


Atualidade

As Congregações Marianas não possuem mais uma organização central, pois a antiga Federação Mundial das Congregações Marianas não existe mais. Cada Congregação Mariana é considerada autônoma.

Felizmente, para as Congregações Marianas da Arquidiocese de Washington existe a União Arquidiocesana das Congregações Marianas, um meio apoiado pela Hierarquia da Arquidiocese de Washington, por meio do qual as paróquias afiliadas podem se reunir para celebrar, compartilhar ideias, informações e preocupações além de dar e receber assistência.

Atualmente, existem dezenas de Congregações Marianas em quase todos os estados norte-americanos: Califórnia, Flórida, Massachussets, Michigan, Minessota, New Hampshire, Nova Jérsei, Nova Iorque, Ohio, Washington, etc.


Conclusão

Herdeiras de um glorioso passado, com o sucesso apostólico no século XX e tendo suas raízes em solo americano datadas do século XVI, os ventos contrários do apostolado leigo pós-conciliar não obtiveram sucesso contra as Congregações Marianas norte-americanas.

A Terra de George Washington soube se reinventar e manter a essência das clássicas Congregações Marianas no século XXI, dando seus frutos de formação sólida aos Congregados e pujante atuação apostólica e social nos Estados Unidos da América.

Atualmente, dia a dia, mais e mais jovens e profissionais ingressam nas Congregações Marianas dos Estados Unidos, e junto a eles pais de família, operários, donas de casa, universitários, estudantes, militares... todos em busca de viver a Fé Católica no meio do Mundo sob o manto da Virgem Maria.

 

 

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Bibliografia: Arquivos, National Sodality Service Center, St. Louis, Mo. e. villaret, História Resumida da Congregação de Nossa Senhora, tr. wj young (St. Louis 1957). b. Wolff, O Movimento Sodality no Estados Unidos de 1926 - 36 (St. Louis 1939) Faherty WB, "Um meio século com o Trabalho da Rainha ," Woodstock Letters 92: 2 (abril 1963) 99 - . 114

1- A Ordem de Santa Úrsula (Latim: Ordo Sanctae Ursulae), (sigla OSU.), também conhecida como Religiosas Ursulinas da União Romana ou Irmãs Ursulinas (Latim: Unio Romana Ordinis Sanctae Ursulae), é uma ordem religiosa católica fundada por Santa Ângela Merici. As Irmãs Ursulinas - em homenagem a Santa Úrsula - começaram seu trabalho pela cidade italiana de Bréscia, em 1535. As ursulinas originais compreendiam dois grupos: viúvas experientes e jovens solteiras. As mais velhas ensinavam as mais novas a dar aulas, administrar hospitais e orfanatos, e a cuidar dos pobres. Foram provavelmente as primeiras missionárias a alcançar sucesso significativo no Novo Mundo.

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