Da Congregação Mariana até a Divina Misericórdia
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Conselho Diretor da Congregação Mariana dos Acadêmicos da USB em frente ao Palácio do Bispo em Vilnius, segundo da frente Ludmila Roszko, 1938. |
Em 1939, iniciava a Segunda Guerra Mundial, com a invasão da Polônia pela Alemanha.
Nesses dias terríveis, o corajoso padre Sopoćko, fez o que pôde para falar às pessoas sobre o Culto da Divina Misericórdia¹.
O
bem-aventurado Pe. Michael Sopocko foi o confessor e diretor espiritual
da Irmã Faustina. Por meio de sua mediação, ele se envolveu diretamente
com o mistério das revelações dadas por Jesus na mensagem da Divina
Misericórdia. Deus atribuiu a ele o papel especial de cumprir a missão
dada a Santa Faustina.
Jesus disse à Irmã Faustina "Ele será sua ajuda visível na Terra... não faça nada sem sua permissão."
O
polonês Pe. Michael dedicou quase toda sua vida à realização desta missão. A
beatificação do Servo de Deus Pe. Michael Sopocko, em 28 de setembro de
2008, serviu para aproximá-lo de muitos mais fiéis, especialmente dos
devotos da Divina Misericórdia.
Ele havia ajudado a irmã Faustina na criação das Irmãs de Jesus Misericordioso:
"Fui visitá-la durante a semana e, entre outras coisas, conversei com ela sobre aquela congregação que ela queria fundar, e agora ela está morrendo, enfatizando o fato de que tudo isso provavelmente foi apenas uma ilusão, e assim todos as outras coisas que ela falou. Irmã Faustina prometeu falar sobre este assunto com o Senhor Jesus durante suas orações. No dia seguinte, enquanto eu estava oferecendo a Santa Missa por intenção de Irmã Faustina, me veio à mente um pensamento, que apenas como ela mesma não conseguiu pintar esse quadro e apenas instruiu os outros, ela também não conseguiu iniciar uma nova congregação, mas apenas forneceu instruções gerais. estão por vir.A próxima vez que cheguei ao hospital e perguntei se ela tinha algo a me dizer sobre este assunto, ela respondeu que não precisava mais falar, pois o Senhor Jesus já havia me iluminado durante a Santa Missa." (Diário do Padre Sopoćko)
A Congregação Mariana de Acadêmicos
Nos dias terríveis da Invasão Alemã, as reuniões da Congregação Mariana de Estudantes da Academia estavam ocorrendo na residência do padre Sopoćko.
Nessas reuniões, Jadwiga (Edwiges) Osińska, formada em Filologia Clássica pela Universidade Stefan Batory, em Vilnius, se destacava entre os Congregados. Um dia ela confessou ao padre Sopoćko que pretendia se dedicar ao serviço de Deus, entretanto não conseguia encontrar a congregação certa. Ela pediu orações e ajuda, acrescentando que tinha alguns amigos que pensavam o mesmo que ela.
O padre Michel Sopoćko, Congregado mariano polonês, era o Diretor da Congregação Mariana de Acadêmicos e também o Confessor da Irmã Faustina.
Em julho de 1940, o padre Sopoćko ofereceu a Osińska passar as férias de verão com as Irmãs dos Anjos em Pryciuny, para que pudesse conhecer as regras da vida monástica. Após as férias, Jadwiga Osińska afirmou que decidiu
“oferecer-se para o serviço ao Misericordioso Salvador e iniciar uma nova congregação, ou algo semelhante, para glorificar a Deus em Sua infinita Misericórdia”.
Seu desejo era fazer votos particulares. Fascinada pela Irmã Faustina Kowalska e em sua memória, Osińska emitiu os votos em 15 de outubro de 1941 (três anos após a morte de Santa Faustina) e assumiu seu novo nome religioso Faustina - tornando-se a primeira "Faustinka".
Em novembro de 1941, a próxima candidata também surgiu da Congregação Mariana dirigida pelo padre Sopoćko: Izabella Naborowska (futura Irmã Benigna).
Então, em 26 de janeiro de 1942, outros membros da Congregação Mariana se juntaram a elas – Ludmiła Roszko, Zofia Komorowska, Adela Alibekow e Jadwiga Malikiewiczówna.
Foi assim que as famosas "Primeiras Seis" foram formadas.
Nada de novo para quem é Congregado mariano
As Congregações Marianas tem sua tradição de seguir fielmente as Regras² e de se colocarem sob a orientação eclesiástica. Para um bom Congregado mariano, ser um religioso professo difere pouco do que já está em seu costume pessoal. Por isso, as novas candidatas à vida religiosa não tiveram dificuldades em seguir as normas do padre Sopoćko.
O padre Sopoćko deu a todas seus nomes religiosos.
Escreveu para elas um conjunto geral de Regras e estabeleceu uma conferência semanal sobre a Vida Interior.
As reuniões de formação das seis candidatas à nova congregação religiosa foram realizadas na própria casa do padre Sopoćko. As irmãs planejavam começar a vida comunitária somente depois da Guerra.
A perseguição do Regime Nazista e a fuga do padre Sopoćko
Mas durante a ocupação militar, os alemães organizaram ações contra o Clero. Em 3 de março de 1942, prenderam professores e seminaristas do seminário teológico e quase todos os padres que trabalhavam em Vilnius.
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bem-av. Michel Sopoćko |
Padre Sopoćko, avisado a tempo, saiu disfarçado e conseguiu chegar ao convento das Irmãs Ursulinas em Czarny Bór.
Nesse convento, disfarçado de carpinteiro, se escondeu por dois anos e meio.
Mas seu trabalho sacerdotal não parou e ele, zelosamente, mantinha contato com as seis irmãs por meio de cartas. De vez em quando, tomando medidas de precaução, uma delas o visitava. Na maioria das vezes era Faustina Osińska.
As irmãs que decidiram oferecer suas vidas ao serviço de Deus se reuniram em Vilnius nas conferências marcadas com o Prelado Żebrowski, a quem Pe. Sopoćko pediu cuidado espiritual sobre elas.
Os primeiros votos
Em 11 de abril de 1942, véspera da Festa da Divina Misericórdia, as seis candidatas fizeram os Votos religiosos temporários. As Irmãs assumiram então o nome de Servas de Deus Misericordioso e, mesmo ainda vivendo com suas famílias, suas vidas assumiram o caráter religioso de um convento. Nada de mais para quem vivia a vida secular na Congregação Mariana.
Para o padre Sopoćko este era o sinal esperado da Providência.
"Parabenizo-vos, queridas Irmãs, por esta graça especial da Divina Misericórdia que se revelou na vossa vocação, ó Escolhidas do Sagrado Coração de Jesus, pilares do futuro convento, confidentes dos mistérios de Deus, mais rezadas e desejadas por os últimos cinco anos em cada Santa Missa diária" (fragmento de uma carta que o padre Sopoćko escreveu de Czarny Bór).
Em 2 de agosto de 1955, o Administrador Apostólico, Pe. Zygmunt Szelążek emitiu um Decreto Diocesano aprovando a congregação e deu permissão para o uso de hábitos.
Também em agosto deste ano, a Irmã
Faustyna Osińska e a Irmã Benigna Naborowska fizeram seus votos
perpétuos.
Aos 13 de maio de 2008, o papa Bento XVI aprovou a Congregação das Irmãs de Jesus Misericordioso com Direitos Pontifícios. Atualmente a Congregação conta com cerca de 150 irmãs.
De uma CM, novos religiosos
Uma pequena Congregação Mariana de Universitárias tornou-se a mãe de um novo Instituto religioso, dedicado a difundir uma devoção especial em pleno século XX.
"Celeiro de vocações" é um atributo dado às Congregações Marianas. E fatos assim legitimam o apelido. Mesmo no atribulado Século XX, que duas Grandes Guerras mudaram a História da Humanidade, esse legado permaneceu.
A Providência Divina, na Divina Misericórdia, e a mão de Maria Santíssima, que são os Congregados marianos, sempre andam juntas.
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1 - a essência dessa devoção, é uma
atitude de confiança em Deus, que na prática significa o cumprimento de Sua vontade contida
nos mandamentos, nos deveres de estado, nas bem-aventuranças e nos
conselhos evangélicos, ou nas inspirações reconhecidas do Espírito
Santo.O segundo pré-requisito essencial para
esta devoção é uma atitude de misericórdia para com o próximo, o que
significa que a devoção à Misericórdia Divina não é meramente
devocional, mas requer a formação de uma atitude evangélica de amor
ativo para com as pessoas. (conf. https://www.santafaustina.com.br/essencia/)
2 - na época, as Congregações Marianas seguiam as Regras Comuns das Congregações Marianas, escritas pelo pe. Wernz,SJ e promulgadas em 1910.
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