Alexandre Martins, cm.
Dentre os muitos papas que foram associados às Congregações
Marianas, talvez o mais intrigante seja o Papa Bento XVI. Sua
trajetória é marcada por um contraste impressionante entre a fé e
a adversidade. Joseph Ratzinger, que mais tarde Papa, viveu sua
juventude em meio a uma realidade sombria, forçado a participar da
Juventude Hitlerista enquanto a maioria de seus contemporâneos se
dedicava à formação acadêmica e espiritual nas Congregações
Marianas.
Contudo, em meio a esse cenário devastador do
Estado Nazista na Alemanha, Joseph encontrou um refúgio espiritual
ao ser admitido na Congregação Mariana de Regensburg, na Baviera.
Essa decisão foi um marco em sua vida, proporcionando-lhe apoio e
conexão com a fé católica em tempos críticos.
Em 30 de
maio de 2011, uma delegação da Congregação Mariana de Maria
Anunciata teve a honra de visitar o Papa no Vaticano, numa ocasião
especial: a comemoração do 70º aniversário de sua Consagração
Perpétua à Virgem Maria. Com emoção, Bento XVI recordou sua
juventude, sua formação no seminário e os desafios enfrentados sob
a opressão nazista. Ele refletiu sobre a importância da Congregação
Mariana como um bastião de esperança e resistência em tempos de
medo e repressão.
"Naquela época, eram tempos escuros —
havia a guerra", disse ele, evocando as memórias de uma Europa
caindo sob o jugo do poder totalitário. O Papa trouxe à tona
questões que ainda reverberam nos dias de hoje, enfatizando que, em
meio às trevas, a devoção mariana sempre brilhou como um farol de
esperança. "Ser católico significa ser mariano", afirmou,
ressaltando que o amor por Maria e por Jesus é inseparável na vida
de um cristão.
Bento XVI também destacou a figura de Maria
como "a grande crente", que não apenas recebeu a missão
de ser mãe do Salvador, mas que também fortaleceu a fé de Abraão
na promessa de Cristo. Ele lembrou que, mesmo em meio ao desespero,
Maria manteve-se firme, revelando uma coragem inabalável que inspira
todos os cristãos a confiar em Deus em tempos de incerteza.
A
resiliência da devoção mariana, especialmente presente nas
Congregações Marianas, foi um tema recorrente nas palavras do Papa.
Ele expressou sua alegria ao saber que, mesmo na Baviera, ainda
existem 40.000 congregados que vivem essa fé de forma ativa,
servindo como testemunhas de esperança e amor em suas
comunidades.
A importância das Congregações Marianas é
evidente, não apenas na história da Igreja, mas também na vida
cotidiana de milhões de fiéis ao redor do mundo. Desde seu
estabelecimento em 1563, elas têm desempenhado um papel crucial na
formação espiritual de leigos e clérigos, trazendo mais de 80
santos e 23 papas à Igreja Católica.
Vemos que a jornada de
Bento XVI como um Congregado mariano não é apenas uma parte de sua
biografia; é uma afirmação poderosa da relevância contínua da
devoção a Maria. Ele nos lembra que, em tempos de crise, a fé não
apenas ajuda a enfrentar o presente, mas também abre caminho para um
futuro cheio de esperança. Maria continua a ser, para ele e para
muitos outros, um modelo de fé, amor e coragem, sempre nos guiando à
luz que é Cristo.
Comentários